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MVP: o que é, por que fazer e como lançar seu produto mínimo viável

Por 12/08/2021 04/07/2025 15 minutos

MVP (Minimum Viable Product) é a menor versão de um produto que chega ao usuário já gerando valor e, sobretudo, aprendizado.

Criado em 2001 por Steve Blank e difundido por Eric Ries na metodologia Lean Startup, o conceito transformou-se em um dos atalhos mais curtos (e seguros) para a inovação efetiva. Afinal, permite validar hipóteses antes de grandes investimentos, reduzir o time-to-market e adaptar a estratégia com dados reais.

Essas são vantagens críticas para empresas que disputam mercados cada vez mais voláteis e digitais. Neste artigo, você verá por que o MVP evoluiu de simples experimento para ativo competitivo e como aplicá-lo para acelerar decisões, cortar desperdícios e escalar soluções com menor índice de incerteza.

O que significa MVP?

Em 2001, Frank Robinson cunhou o termo Minimum Viable Product, definindo-o como o menor produto possível que ainda entrega valor ao cliente. Pouco depois, Eric Ries levou a ideia ao mainstream com o livro Lean Startup, posicionando o MVP como peça-chave do ciclo Build – Measure – Learn:

  1. Build: entregue a menor versão funcional que resolva um problema específico do usuário;
  2. Measure: colete métricas de uso e feedback qualitativo sem filtros;
  3. Learn: confronte as hipóteses de negócio, decida iterar, escalar ou pivotar.

Essa cadência contínua substitui lançamentos “tudo-ou-nada” por experimentos rápidos que reduzem custo de oportunidade, evitam excessos na etapa de engenharia e antecipam valor para cliente e empresa.

MVP_EricRies
Uma roda não tem valor para o cliente. Um skate não é um carro, mas tem valor, já que serve como meio de transporte. Fonte: https://www.interaction-design.org/

Em essência, vale lembrar: um MVP não é um “produto incompleto” ou um “produto pequeno” ou um “produto ruim”, mas sim o artefato mínimo capaz de validar (ou invalidar) hipóteses estratégicas com dados reais, acelerando decisões e protegendo o investimento em inovação.

Nesse sentido, o MVP resolve uma série de problemas logo no primeiro lançamento de um produto digital, pois garante que ele tenha os recursos necessários — e somente esses — para ir ao mercado ser testado pelos primeiros usuários.

Por que a definição de MVP ainda gera discussões?

Duas décadas depois do lançamento do conceito, o MVP continua polêmico porque esbarra em zonas cinzentas que cada time interpreta de forma própria:

  • Precisa ter código? Para uns, só vale como produto se houver linha de código em produção; para outros, um teste no-code (landing page, concierge, Wizard of Oz) já cumpre a missão de validar hipóteses.
  • Quão “mínimo” é mínimo? Se a versão inicial não contém login num app de exames, o valor cai a zero; se o primeiro release de um app de transporte já permite escolher música e snacks, passou do ponto. Encontrar o ponto ótimo entre insuficiente e superdimensionado demanda reflexões.
  • Serve para qualquer negócio? Em modelos de negócio regulados ou com infraestrutura crítica (Finanças, Saúde), o “viável” envolve requisitos de segurança, compliance e alta disponibilidade, o que eleva o ponto de partida.
  • Confusão entre protótipo e produto. Protótipos validam usabilidade; MVPs testam valor de mercado. Equipes que misturam essas finalidades gastam demais ou aprendem menos.

Esses dilemas mantêm vivo o debate: o MVP deve ser suficientemente robusto para entregar valor real ao usuário e, ao mesmo tempo, enxuto o bastante para gerar aprendizado rápido. E esse equilíbrio varia caso a caso.

De acordo com Eric Ries, no livro Lean Startup:

“Ao considerar a construção do seu Mínimo Produto Viável, remova qualquer recurso, processo ou esforço que não contribua diretamente para o aprendizado que você busca”.

Enquanto para o autor original do termo MVP, Frank Robinson, a ideia é maximizar o Retorno sobre o Investimento (ROI), para Eric Ries o importante é maximizar o aprendizado. Essa segunda visão foi responsável por abrir possibilidades para experimentações mais leves como landing pages, concierges, etc.

Tipos de MVP e como escolher o formato certo

O sucesso das suas iniciativas está diretamente relacionado à escolha do tipo de MVP adequado. Nesse sentido, é fundamental entender detalhes sobre cada um:

  • Protótipo interativo: mock-ups navegáveis em Figma ou Marvel permitem validar fluxo e usabilidade rapidamente, sem escrever código. Indicado quando a empresa ainda testa a proposta de valor e quer feedback qualitativo rápido, com risco técnico mínimo.
  • MVP low-code / no-code: plataformas como Bubble, Retool ou OutSystems aceleram a entrega de uma versão funcional integrada a serviços de pagamento, CRM ou analytics. Boa escolha para organizações com recursos limitados ou cuja TI está dedicada a sistemas core; o foco é medir tração de mercado sem comprometer o backlog principal.
  • MVP de IA (Agentic): combina LLMs prontos e orquestração para provar casos de uso como recomendação inteligente ou atendimento autônomo. Exige governança de dados e avaliação de vieses, mas economiza meses de P&D. Ideal para empresas maduras em analytics que querem validar ROI antes de treinar modelos proprietários.
  • MVP de integração: quando o diferencial está em conectar múltiplos sistemas legados (ex.: ERP + gateways de pagamento), um backbone de APIs ou mensageria é suficiente para testar viabilidade operacional. Recomendado para corporações com alto risco de compliance.
  • Concierge ou Wizard of Oz: processos manuais disfarçados de automação permitem validar hipóteses de serviço com custo mínimo; úteis em fases very-early, onde o maior risco é a aceitação do conceito, não a escala.

Como decidir?

Avalie:

  1. Maturidade digital: times experientes podem partir direto para low-code e iniciantes colhem mais aprendizagem em protótipos;
  2. Recursos de TI disponíveis: se squads estão sobrecarregados, opte por ferramentas no-code;
  3. Risco regulatório ou de dado: para setores críticos, comece com MVP de integração ou concierge para evitar exposição prematura. Assim, você maximiza aprendizado e minimiza desperdício no caminho para o produto final.

Principais objetivos de um MVP

O MVP não é um “protótipo bonito” nem uma versão “barata” do produto final. Ele é um experimento vivo, que converte hipóteses em dados acionáveis. Na prática, sua missão pode ser resumida em quatro metas principais:

  1. Validar hipóteses de negócio com o mínimo de recursos: em vez de investir meses em desenvolvimento completo, testamos a tese central — por exemplo, “clientes preferem pedir pelo celular” — usando soluções low-code ou no-code.
  2. Coletar feedback real de early adopters: lançar cedo coloca a solução nas mãos de usuários que toleram imperfeições em troca de valor novo. As interações, taxas de conversão e comentários desses primeiros clientes orientam a próxima iteração.
  3. Experimentar o mercado antes de escalar: métricas como CAC, ticket médio e churn já aparecem no MVP. Se o custo de aquisição for inviável ou o uso não se sustentar, pivotamos antes de comprometer grandes orçamentos.
  4. Transformar dados em decisões de produto: o ciclo Build–Measure–Learn se fecha quando análises quantitativas (analytics, heatmaps) e qualitativas (entrevistas, surveys) apontam se devemos melhorar, ajustar ou descartar a ideia original.
MVP_FrankRobinson
O MVP é o produto com maior Retorno sobre Investimento (ROI), e menor risco ou esforço. Fonte: http://www.syncdev.com/

Benefícios para empresas de grande porte

Independentemente do nicho, sabemos que inovação é requisito de sobrevivência das empresas que contam com um faturamento alto, mas ninguém quer “apostar a empresa” num único lançamento. O MVP resolve esse dilema porque traz:

  1. Hedge financeiro: um MVP exige frações do CAPEX de um rollout completo, funcionando como derivativo de baixo custo. Então, se a hipótese não se prova, a perda é controlada; se valida, justifica alocação de mais recursos.
  2. Velocidade de board-reporting: ao colocar a primeira versão em produção em semanas, o time de inovação leva indicadores de adoção e NPS reais para o conselho, acelerando liberações de orçamento e evitando os longos ciclos de aprovação, de 6 a 12 meses.
  3. IA como motor de aprendizado preditivo: modelos de machine learning plugados ao MVP revelam padrões de uso dias após o lançamento, permitindo reconfigurar o roadmap pela probabilidade de ROI e não por “gut feeling”.
  4. Cultura de experimentação de baixo atrito: squads enxutas operando com Lean & Kanban demonstram que é possível entregar valor contínuo sem ferir a governança. O resultado é engajamento de talentos e migração orgânica do mindset “projeto” para “produto”.
  5. Captação de inteligência competitiva: early-adopters geram dados de mercado que nenhum estudo de benchmark oferece, como fronteiras de preço, barreiras de adoção e funcionalidades game-changer surgem antes que concorrentes percebam o movimento.
  6. Pivotagem antes que o custo escale: métricas como CAC/LTV e churn precoce sinalizam, em poucas sprints, se a proposta deve evoluir, ser reajustada ou descartada, economizando milhões em desenvolvimento e marketing.

Dessa forma, o MVP se converte em ferramenta de transformação digital e tomada de decisão estratégica, entregando agilidade sem comprometer escala ou governança.

MVP no ciclo de desenvolvimento

O MVP funciona como um degrau importante dentro do Software Development Life-Cycle (SDLC) e, ao mesmo tempo, como catalisador do Design Thinking.

Imagem ilustrativa das etapas do design thinking

Começamos com uma fase de Descoberta: entrevistas, mapas de jornada e workshops de cocriação revelam hipóteses de alto impacto.

A seguir, prototipamos rapidamente, seja em Figma ou em plataformas low-code, para que usuários toquem a ideia antes mesmo de existir código definitivo.

Quando a solução ganha tração nos testes de usabilidade, evoluímos para uma entrega funcional mínima.

Aqui, o MVP entra na esteira ágil como o primeiro incremento de produto: uma versão enxuta, mas já instrumentada com telemetria e eventos que capturam métricas de adoção, conversão e satisfação.

Essa instrumentação não é passiva: modelos de IA analisam logs de navegação, clusterizam feedback aberto e indicam padrões de churn ainda invisíveis ao time. Em uma questão de minutos ou horas, podemos traduzir esses insights em backlog, fechando o ciclo Build → Measure → Learn.

A combinação de low-code (que encurta o time-to-market) e IA (que automatiza a leitura de dados) reduz o custo dos erros e aumenta a assertividade das decisões.

Como criar um MVP em 6 passos

Para evitar os problemas citados, siga o passo a passo abaixo para criar um MVP:

  1. Defina a proposta de valor

    Redija uma Problem Statement concisa e associe-a a uma Value Proposition Canvas. O objetivo é traduzir dores do público-alvo em benefícios mensuráveis (ex.: reduzir o tempo de onboarding em 40%). Sem essa âncora, qualquer métrica posterior ficará sem referência.

  2. Mapeie funcionalidades essenciais

    Construa um Feature Tree e aplique a matriz MoSCoW para separar must-have de itens “nice to have”. Em seguida, converta os must em User Stories com critérios de aceitação claros. É neles que você instrumentará métricas de adoção.

  3. Desenhe o roadmap estratégico

    Use Opportunity Solution Tree ou Story Mapping para sequenciar entregas. O primeiro incremento deve fechar um ciclo de valor completo (problema → solução → métrica). Planeje, no máximo, 90 dias: acima disso, o risco de requisitos mudarem é maior.

  4. Desenvolva rapidamente

    Combine low-code e componentes prontos para acelerar a fundação técnica. Mantenha CI/CD simple, com pipeline de build, testes automatizados e deploy em nuvem.

  5. Colete feedback em tempo real

    Instrumente eventos no front-end (usando o GA4, por exemplo) e use feature flags para lançamentos graduais. Integre formulários in-app e entrevistas rápidas na própria interface. KPIs mínimos: taxa de conclusão de tarefa, NPS de primeira sessão e tempo até valor percebido (time-to-wow).

  6. Ajuste ou pivote

    Ao final de cada sprint, rode o ciclo Build → Measure → Learn. Se as métricas apresentam indícios claros (ou evidência consistente), evolua a funcionalidade; se invalidam a hipótese, mude segmento, proposta ou tecnologia, mantendo o aprendizado como ativo central.

Métricas e tomada de decisão

No MVP, dados substituem opiniões. Os KPIs abaixo funcionam como um painel de controle para saber se é hora de perseverar ou pivotar:

KPIO que medeSinal de perseverar*Sinal de pivotar*
Adoção (First-Time Activation)% de usuários que completam a ação-chave na 1ª sessão≥ 25% do total de visits< 10% mesmo após ajustes de UX
Retenção (D + 7 / D + 30)Usuários que retornam e repetem a ação-chaveCurva de retenção estabiliza > 20%Queda > 50% entre D1 e D7
Taxa de conversãoLeads ⇒ usuários ativos ou usuários ⇒ pagantesCrescimento contínuo sprint a sprintEstagnação ou queda após 2 ciclos completos
Tempo-para-valor (TTV)Minutos até o “aha moment”≤ 5 min na primeira jornada> 1 hora mesmo com onboarding guiado
Custo por Aprendizado (CPLA)Investimento ÷ hipóteses validadasROI > 1 dentro de 90 diasROI negativo mesmo com escopo mínimo
* Essas são apenas referências. Avalie seu contexto de forma holística e personalizada, com base nos dados do seu negócio e mercado!

Alguns critérios de decisão são:

  • Perseverar: ao menos dois KPIs mostram tendência positiva e o CPLA mantém ROI viável. Avance para versões incrementais.
  • Pivotar suave: uma métrica crítica (ex.: adoção) não evolui, mas entrevistas indicam ajuste de posicionamento ou funcionalidade resolve.
  • Pivotar radical: múltiplos KPIs negativos e feedback qualitativo confirma falta de product-market fit. Redefina persona, proposta de valor ou canal.

Esse quadro orienta decisões baseadas em evidências e minimiza vieses.

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Exemplos de MVP que mudaram o jogo no Brasil

A seguir, confira alguns exemplos notórios de MVPs que se destacaram no mercado brasileiro.

FinTech — Nubank

A hipótese era simples: “brasileiros pagam tarifas bancárias porque não têm alternativa digital”. Para testar, o Nubank lançou um MVP restrito a alguns early-adopters, formado por colaboradores, amigos e uma fila de espera pública. A oferta era apenas um cartão de crédito sem anuidade, controlado por app.

Nada de conta, rewards ou empréstimos. Em poucas semanas a equipe mediu a adoção, retenção e satisfação.

Com os sinais positivos, o Nubank levantou capital Série A, abriu a lista para o público e pivotou de “cartão” para “superapp financeiro”, conquistando vantagem competitiva antes que bancos tradicionais reagissem.

HealthTech — Dr. Consulta

A clínica paulista queria saber se consultas particulares de baixo custo, agendadas online, teriam aderência fora do sistema privado tradicional. O MVP tinha como objetivo oferecer atendimento a pacientes com sintomas de gripe e coronavírus.

O feedback mostrou que transparência de preço e rapidez no atendimento resolviam uma dor latente que ia além das diagnosticadas inicialmente. Resultado: expansão para inúmeras unidades, atendimento via teleconsulta, parceria com laboratórios e prontuário digital próprio, e muito mais.

EdTech — Broscope

A Broscope queria validar se aulas particulares online supririam as dores de custo e deslocamento de professores e alunos. Em só quatro sprints de duas semanas, nosso squad de Concepção + Experimentação montou um MVP No-Code em CMS.

Os aprendizados, como filtros de busca e oferta de horários, eram decisivos na conversão, e alimentaram o backlog do produto definitivo.

Veja o case completo aqui!

Um MVP bem-executado acelera sua transformação digital

Em resumo, um MVP é um dos mecanismos mais rápidos e econômicos para transformar hipóteses em dados, e dados em decisões estratégicas. Quando construído sobre o ciclo correto, ele permite validar proposta de valor, ajustar roadmap e reduzir riscos antes que grandes orçamentos sejam investidos.

A fórmula de sucesso combina três pilares: estrutura iterativa e enxuta (Lean), design genuinamente orientado ao usuário e uso inteligente de prototipagem low-code/AI para encurtar o time-to-market.

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Perguntas frequentes sobre MVP

Por fim, confira as respostas para outras dúvidas sobre MVP.

Qual é a diferença entre protótipo, POC e MVP?

Um protótipo foca na experiência visual e de fluxo, uma POC comprova a viabilidade técnica de uma tecnologia, e o MVP é a primeira versão funcional entregue a usuários reais para validar valor de mercado, modelo de negócio e hipóteses de uso.

Quanto tempo, em média, leva para lançar um MVP corporativo?

Em empresas com equipe dedicada e low-code, o ciclo costuma variar de 6 a 12 semanas; projetos mais complexos podem chegar a 16 semanas, mas prazos maiores perdem velocidade de aprendizado e elevam custo de oportunidade.

Quais sinais indicam que devo pivotar ou escalar um MVP?

Escale se houver adoção crescente, retenção acima da meta e feedback positivo; pivote quando churn e taxas de abandono persistem após iterações, NPS permanece negativo ou o problema de mercado se mostrar diferente do previsto.

Foto do autor

Pâmela Seyffert

Content Marketing Analyst na SoftDesign. Jornalista (UCPEL) com MBA em Gestão Empresarial (UNISINOS) e mestrado em Comunicação Estratégica (Universidade Nova de Lisboa). Especialista em comunicação e criação de conteúdo.

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