
- Inovação
Inovar não é apenas ter ideias criativas: é confrontar estruturas que já deram certo, abrir mão do conforto operacional e assumir riscos estratégicos com responsabilidade. Em um cenário de transformações cada vez mais rápidas, a inovação se torna um requisito para a continuidade dos negócios.
No contexto empresarial, inovar significa gerar valor a partir de algo novo — seja um produto, processo ou modelo de negócio — com potencial real de impacto. Trata-se de sair da manutenção do status quo para construir soluções que resolvem problemas, sejam eles simples ou complexos.
No entanto, entre saber da importância da inovação e conseguir colocá-la em prática existe uma grande distância. Barreiras como silos de dados organizacionais, dificuldade em escalar projetos e ausência de uma cultura orientada à experimentação ainda limitam o avanço de muitas lideranças.
Neste conteúdo, vamos além do discurso. Você verá como a inovação pode ser aplicada com profundidade, visão estratégica e base tecnológica.
No ambiente corporativo e tecnológico, inovação não se resume à criação de algo inédito. Ela se materializa quando uma ideia é aplicada com sucesso, gerando valor real para clientes, negócios ou mercados.
Isso pode acontecer no lançamento de novos produtos, melhorias de processos internos ou pela reformulação de modelos de negócio, desde que seja possível mensurar seus impactos e escalar suas vantagens.
É diferente da invenção, que se concentra na descoberta. A inovação está diretamente conectada à implementação.
Ou seja: necessariamente exige viabilidade técnica, alinhamento estratégico e capacidade de sustentação ao longo do tempo.
A verdade é que a inovação glamourizada é uma armadilha. Quando a responsabilidade pelo sucesso de um produto está nas mãos do empreendedor genial, ou do inventor criativo, o fracasso do negócio está sempre por perto. A verdadeira inovação, conduzida por times multidisciplinares e baseada em experimentação contínua, é a que aproxima o sucesso e torna possível a criação de produtos digitais que serão amados e irão gerar valor.
Não à toa, o desenvolvimento de software ocupa um lugar muito importante nessa discussão. Soluções digitais personalizadas permitem acelerar entregas, otimizar as experiências dos usuários e escalar operações.
Empresas inovadoras crescem mais rápido, se adaptam com mais agilidade e enfrentam crises com maior resiliência. É o que confirma o estudo da ABES: 71% das organizações brasileiras já possuem iniciativas avançadas em IA, colhendo resultados diretos em eficiência e diferenciação.
Mais que uma tendência, a inovação é uma das alavancas mais estratégicas para o crescimento sustentável. Tecnologias como IA, IoT, cloud e automação estão redefinindo modelos de negócio, enquanto empresas que não acompanham essa evolução correm o risco de desaparecer. Jorge Sukarie, da ABES, resume:
“Quem não conseguir acompanhar será engolido pelo mercado.”
A pesquisa ainda mostra que empresas que investem de forma contínua em P&D, modernização de dados e cibersegurança estão mais preparadas para liderar seus setores.
Os desafios à inovação aparecem em diferentes frentes: desde a resistência à mudança até a dificuldade em escalar boas ideias, passando por barreiras estruturais, como silos organizacionais, e pela ausência de uma cultura que valorize a experimentação.
A seguir, exploramos em detalhes os principais entraves enfrentados por líderes e times de tecnologia e produto quando o assunto é inovação real e sustentável.
Mesmo quando a necessidade de inovar é clara, a resistência interna pode ser um dos maiores entraves. Essa resistência pode vir das lideranças, que temem expor a si mesmos ou a organização a riscos operacionais e financeiros; ou das equipes operacionais, que muitas vezes encaram a mudança como ameaça à estabilidade e à rotina.
Na prática, vemos times que evitam abandonar sistemas legados por já dominarem suas funcionalidades, mesmo que ineficientes. Ou gestores que postergam a adoção de novas tecnologias por não confiarem na previsibilidade dos resultados.
Uma maneira de mitigar esse tipo de situação e fazer uma transição segura é adotar a modernização de aplicações em paralelo com os sistemas antigos.
O ponto-chave aqui é que inovação exige preparação emocional das lideranças, engajamento do time e, naturalmente, tempo. Não adianta forçar a mudança sem antes estruturar um ambiente em que a experimentação seja segura e os aprendizados, valorizados.
A inovação depende de colaboração transversal. E os silos, que são estruturas departamentais isoladas que dificultam o fluxo de informação e a cocriação, limitam o potencial de inovação de muitas empresas.
Em nossa experiência, já acompanhamos organizações com times de produto, marketing e tecnologia focando metas distintas e desconectadas, além de trabalharem com linguagens diferentes, o que resulta em desperdício de recursos, retrabalho e baixa entrega de valor.
A falta de alinhamento impede que os aprendizados de uma área sejam aproveitados por outras, limita a troca de experiências e trava qualquer tentativa de desenvolvimento iterativo e multidisciplinar, que é essencial para uma inovação real acontecer.
Boa parte das empresas consegue dar os primeiros passos na inovação criando protótipos, realizando hackathons, investindo em provas de conceito (POCs). O problema surge na hora de escalar essas ideias e colocá-las em produção.
Os motivos? Geralmente, trata-se de:
Já vimos POCs extremamente promissoras morrerem na praia por não haver uma visão clara de product-market fit, ou por dependerem de sistemas legados com baixa capacidade de integração. Na SoftDesign, quando atuamos em projetos com esse perfil, nosso foco é desenhar uma arquitetura técnica preparada para crescimento progressivo (como microsserviços ou containers com pipelines CI/CD), garantindo que a inovação não fique presa ao piloto.
Inovar exige, além da ideia, infraestrutura técnica e visão de negócio para sustentá-la ao longo do tempo.
Investir em tecnologia não é sinônimo de ser uma empresa inovadora. A base da inovação é cultural. E a ausência dessa cultura que valoriza a experimentação, aceita o erro como parte do processo e incentiva a troca de conhecimento é um dos desafios mais comuns.
A cultura de inovação se estabelece quando líderes patrocinam a mudança, os times são encorajados a propor melhorias e os aprendizados são compartilhados, mesmo quando os resultados não são os esperados.
Portanto, não adianta tentar importar inúmeros frameworks, metodologias ou tecnologias se a cultura organizacional continua fazendo uma força contrária à mudança.
A inovação pode assumir formas distintas dentro das organizações: incremental, radical, disruptiva ou aberta. Entender essas alternativas é fundamental para aplicar a abordagem mais adequada para o seu momento de negócio.
A seguir, explicamos os principais tipos de inovação utilizados no ambiente corporativo e tecnológico, com exemplos que ilustram as aplicações e os resultados possíveis.
A inovação incremental acontece quando o time busca melhorar o que já funciona. Por isso, ela se traduz em melhorias progressivas em produtos, processos ou serviços, sem alterar radicalmente o modelo de negócio. É uma abordagem que, em geral, traz menor risco.
Um banco digital que implementa ajustes contínuos em seu aplicativo, com base em feedback de usuários e dados de uso, para aprimorar performance, reduzir fricções na jornada e aumentar o NPS (Net Promoter Score), está promovendo inovação incremental.
Já a inovação radical propõe transformações estruturais. Em vez de melhorar o que existe atualmente, ela busca romper com o status quo para oferecer algo novo, seja um modelo de negócio, uma tecnologia ou uma proposta de valor.
A inovação disruptiva se caracteriza por criar novos mercados ou reinventar os existentes, oferecendo soluções mais acessíveis, simples ou convenientes. Ela muitas vezes começa com um público negligenciado pelos líderes do setor, mas, com o tempo, altera completamente a dinâmica do mercado.
Plataformas no-code/low-code são exemplos de inovações disruptivas porque permitem que não desenvolvedores criem aplicações. Isso desafia o modelo tradicional de TI centralizada e democratiza a inovação no contexto digital.
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Também chamada de inovação aberta, em tradução, trata-se de um tipo que surge através da colaboração com universidades, startups, fornecedores ou até mesmo concorrentes. A lógica por trás dessa proposta é acelerar o desenvolvimento e explorar as vantagens das diferentes bases de conhecimento.
A inovação nas empresas é frequentemente impulsionada por tecnologias que aceleram decisões, otimizam processos e abrem espaço para novos modelos e produtos.
A seguir, veja as principais:
Empresas que tratam o P&D como centro de alavancagem estratégica conseguem transformar conhecimento em produto, não apenas em tese. E é justamente esse o diferencial: estruturar o P&D não como um laboratório isolado, mas como um ecossistema integrado à operação e ao negócio.
Veja alguns pontos importantes a considerar:
A seguir, veja como a inovação pode ser aplicada considerando a colaboração entre os diferentes times que compõem a empresa:
Etapa | Área responsável | Atividade | Ferramentas e práticas recomendadas |
---|---|---|---|
1. Identificação de oportunidades | Produto + P&D | Mapeamento de dores, tendências, análise de mercado e dados de comportamento. | Analytics, entrevistas com usuários, benchmarking, workshops de co-criação |
2. Formulação de hipótese de inovação | P&D | Definição de hipóteses de solução com base técnica e impacto mensurável. | Business Model Canvas, Value Proposition Canvas, Lean Inception |
3. Prototipação e validação inicial | Desenvolvimento + P&D | Criação de protótipos navegáveis, simuladores ou mockups técnicos. | Figma, Storybook, simulações de backend, IA generativa para testes |
4. Desenvolvimento do MVP ou PoC | Desenvolvimento | Construção do produto mínimo viável com base em arquitetura escalável e dados reais. | Arquitetura de microsserviços, CI/CD, pipelines de teste automatizado |
5. Testes com usuários e coleta de dados | Produto + Desenvolvimento | Lançamento controlado, testes A/B, métricas de adoção e performance. | GA4, Mixpanel, Hotjar, Feature flags, observabilidade |
6. Análise de impacto e tomada de decisão | Produto + P&D | Avaliação de resultados com base em métricas-chave. Decisão de escalar ou revisar. | OKRs, ROI de inovação, análise de cohort |
7. Iteração contínua e roadmap de inovação | Produto + Desenvolvimento + P&D | Aprendizado contínuo retroalimenta backlog estratégico. | ProductOps, Agile Inception, discovery contínuo |
O primeiro passo é o conhecimento. Apoiar-se no trabalho de pesquisadores que estão à frente do desenvolvimento de frameworks de inovação é essencial para alcançar bons resultados. Desde a década de 1980, a área é estudada por teóricos ao redor do mundo, e experimentos reais têm sido conduzidos para validar tais teorias.
Já aparecia no livro Innovation and Entrepreneurship (1985), de Peter Drucker, a orientação de que as inovações deveriam ser desenvolvidas por meio de um pensamento científico focado em dados empíricos, e não baseadas em opiniões ou paixões pessoais.
No ano seguinte, Hirotaka Takeuchi e Ikujiru Nonaka lançavam o artigo The New New Product Development Game, no qual defendiam o desenvolvimento de produtos complexos com times multidisciplinares engajados em experimentação iterativa.
Aproximadamente dez anos depois, em Discovery-Driven Planning (1995), Rita McGrath e Ian McMillan introduziam o conceito título da obra, ao defender que em novos empreendimentos é mais importante aprender sobre suposições do que fazer planos de longo prazo.
Logo depois, por meio de um estudo de múltiplos casos, Gary Lynn contribuía com o artigo The Probe and Learn Process, contando que identificou que:
Empresas capazes de inovar em um cenário econômico estagnado eram aquelas que estavam utilizando tal processo – testar e aprender – experimentando versões iniciais e inacabadas do produto e iterando nesse processo.
Para que a inovação deixe de ser apenas uma ideia e se torne parte da cultura e da operação da empresa, é preciso método. E é exatamente aí que frameworks ágeis entram: como catalisadores que conectam visão estratégica a entregas tangíveis.
Em vez de esperar por longos ciclos de desenvolvimento e validação, metodologias ágeis oferecem estrutura para experimentar, validar e escalar com velocidade e segurança, como é o caso do framework Scrum.
Inspirado no modelo científico, o Lean Startup propõe ciclos curtos de build–measure–learn para transformar hipóteses em aprendizado validado. Em projetos de software, por exemplo, isso significa lançar MVPs com funcionalidades essenciais para medir o engajamento real do usuário.
O método proposto tem como objetivo encurtar os ciclos de desenvolvimento de produtos e descobrir rapidamente se um modelo de negócio é viável ou não.
Na prática, o framework envolve um ciclo de criação e teste de hipóteses, no qual algo pequeno é construído (MVP) para que os usuários em potencial possam testar. Suas reações são documentadas pelo time, com o intuito de gerar aprendizado e conduzir novos ciclos aperfeiçoados.
Design Thinking é mais do que ideação criativa: é uma abordagem para estruturar soluções que nascem da escuta profunda de usuários. Ele combina empatia, experimentação e análise crítica, e é especialmente útil em momentos de incerteza.
Em projetos com foco em jornada do usuário, a SoftDesign aplica o Design Thinking para mapear pontos de fricção e gerar hipóteses de melhoria.
Em 2003, Steve Blank apresentou ao mercado de tecnologia seu mais novo framework. Baseado em quatro passos, o Customer Development Process (CDP) tem como objetivo descobrir e validar se: você identificou uma necessidade que o seu possível cliente efetivamente tem; construiu o produto certo para satisfazê-la; testou os métodos corretos para converter esse cliente; e implementou os recursos certos no desenvolvimento para atender a demanda do seu produto.
O CDP é utilizado ainda hoje e serve para que negócios não baseiem a criação de seus produtos em premissas e/ou suposições. Abaixo, veja esses quatro passos de forma mais clara:
Fonte: MaRS Startup Toolkit
Alguns anos mais tarde, Alex Osterwalder e Yves Pigneur criaram o Business Model Canvas (2004). De acordo com eles, o Modelo de Negócio é uma ferramenta conceitual que agrupa um conjunto de elementos e suas relações, e permite expressar a lógica de ganhar dinheiro de uma organização.
Ele é uma descrição do valor que uma empresa oferece a um ou vários segmentos de clientes. Além disso, expressa a arquitetura da empresa e sua rede de parceiros para criar, comercializar e entregar esse valor e capital de relacionamento, a fim de gerar fontes de receita lucrativas e sustentáveis.
O Business Model Canvas, que permite a criação de uma proposta de negócio mais completa, é importante para identificar hipóteses que precisam ser testadas. Para os teóricos, não são somente os produtos e serviços de uma organização que a tornam competitiva no mercado: o modelo de negócios também é determinante.
Fonte: Livro Business Model Canvas (2004).
Por fim, em 2020, no livro Testing Business Ideas, Osterwalder dá continuidade ao seu Business Model Canvas e propõe um novo framework para inovar em Modelos de Negócios. Seu objetivo é minimizar a importância do ‘construir’ (da Lean Startup), e deixar clara a relevância e o significado do ‘experimentar’.
Para o autor:
“Testar é a atividade de reduzir riscos perseguindo ideias que parecem boas na teoria. Você testa ideias conduzindo rápidos experimentos que permitem que você aprenda e adapte”.
No framework em questão, no canto inferior esquerdo estão os empreendedores e no canto superior direito está o resultado positivo do negócio. Para percorrer esse caminho, é preciso que decisões sejam tomadas e Osterwalder propõe que elas sejam realizadas com base em dois ciclos: no primeiro criando hipóteses para o Canvas do Modelo de Negócios e, no segundo testando essas hipóteses para aprender.
Após a rodada de experimentos, o Business Model Canvas deve ser revisado, para que os ciclos sejam repetidos até ter dados que fundamentem as decisões. Isso quer dizer que, por meio desse método, é possível descobrir se a direção que imaginamos faz sentido (Discovery) e validar se os caminhos escolhidos têm evidências de sucesso (Validation).
A inovação não é um destino, mas um processo contínuo de adaptação, aprendizado e reconstrução. Por isso, o verdadeiro diferencial competitivo está na capacidade das empresas de estruturar um sistema que sustente a inovação ao longo do tempo, mesmo em cenários de incerteza e transformação rápida.
Isso significa que o foco principal não deve estar em adotar tecnologias emergentes ou que estão “na moda”: é preciso alinhá-las a uma estratégia de negócios clara, apoiada por uma cultura que favoreça o risco controlado e o aprendizado constante.
Se sua empresa busca estruturar a inovação de forma contínua, a SoftDesign é a melhor parceira para estar ao seu lado. Unimos visão estratégica, desenvolvimento de software sob medida e expertise em dados e IA para transformar desafios em diferenciais, com base em tecnologia.
Faça um diagnóstico aprofundado e conte com a gente para ajudar a implementar as melhorias que vão te levar para um próximo nível.
Por fim, veja a seguir, as respostas para as principais dúvidas sobre inovação nas empresas.
Os principais tipos de inovação são: incremental (melhorias contínuas em algo existente), radical (mudanças profundas que reestruturam mercados) e disruptiva (criação de modelos que substituem os atuais). Já a open innovation promove inovação colaborativa com parceiros externos.
Porque inovação não acontece apenas com tecnologia. Ela depende de pessoas dispostas a experimentar, aprender com erros e colaborar. Sem uma cultura que incentive a criatividade e a autonomia, boas ideias dificilmente ganham tração.
Soluções digitais personalizadas viabilizam entregas mais rápidas, flexíveis e escaláveis. Com software sob medida, é possível testar novas propostas, atender nichos específicos e construir vantagens competitivas com base em dados e experiência do usuário.
Parte deste artigo foi baseado no Trabalho de Conclusão de Curso do MBA em Digital Business (USP/ESALQ), de Karina Klein Hartmann, intitulado Adoção de práticas de experimentação para descoberta e validação em produtos digitais no Brasil.