
- Inovação
Você já liderou sessões produtivas de brainstorming, mapeou jornadas com precisão, desenhou fluxos claros, validou protótipos com potencial real — e mesmo assim seu projeto de inovação continua parado no Miro?
Lideranças em tecnologia, inovação ou produto em todo tipo de organização compartilham desse mesmo desafio: iniciativas inovadoras bem estruturadas, com apoio técnico e visão de futuro, que simplesmente não ganham tração dentro da empresa. O bloqueio raramente é técnico: costuma ser cultural, organizacional ou estratégico.
Neste artigo, iremos abordar esse ponto de frustração. Por que projetos promissores travam após a fase de planejamento? E, mais importante: o que líderes podem fazer para romper essas barreiras e transformar boas ideias em entregas reais?
Tudo começa com entusiasmo: workshops criativos, squads engajadas e, às vezes, até mesmo protótipos que geram expectativa real. Durante semanas, o ambiente pulsa inovação; até que o movimento esfria. A empolgação se dilui no cotidiano operacional, e o projeto, mesmo promissor, permanece estagnado no Miro.
Para muitas lideranças, esse roteiro é familiar. O problema nem sempre é a falta de ideias ou de capacidade técnica. É o desalinhamento com outras áreas, o vaivém das prioridades, a ausência de um sponsor claro — alguém que não apenas acredite no projeto, mas que esteja disposto a bancar a mudança que ele exige.
Enquanto o time acredita que está inovando, a organização continua operando sob as mesmas estruturas rígidas. E assim, iniciativas com alto potencial são despriorizadas, não por falta de valor, mas por falta de espaço estratégico para acontecerem.
Ver boas ideias pararem por aí é frustrante. Mas também é um sinal claro: para colocar projetos de inovação em prática, não basta ter uma boa solução. É preciso construir articulação, patrocínio e, acima de tudo, uma cultura disposta a sair do piloto automático.
Em uma conversa com o time de vendas da SoftDesign, mergulhamos nas principais razões pelas quais iniciativas tecnológicas são engavetadas, mesmo quando fazem sentido. Reunimos abaixo as ideias mais marcantes de quem está na linha de frente com clientes e vivencia, na prática, os bastidores das decisões corporativas.
É fácil se perder em um canvas impecável no Miro, um roadmap repleto de promessas, mas, na prática, ninguém sabe exatamente quem executa o quê, quando e como. A estratégia até existe, mas carece de recursos reais — ou, muitas vezes, vontade política para ser adotada de forma efetiva.
Em muitas iniciativas, o roadmap é construído mais para agradar stakeholders do que para guiar a entrega. São documentos que tentam justificar orçamento sem, no entanto, estarem conectados às capacidades reais dos times ou às necessidades dos usuários.
Um exemplo clássico: a empresa decide criar o “melhor app do mundo”, com todas as features possíveis, mas nem sequer tem clareza sobre o orçamento disponível, os recursos que têm em mãos ou as restrições técnicas que precisará enfrentar. O resultado? um planejamento estratégico de TI ambicioso na teoria, mas totalmente descolado da realidade operacional.
É nesse ponto que entra o risco de um Design Thinking sem limites. Embora a abordagem seja excelente para gerar ideias criativas, quando o objetivo é construir um roadmap de produto, é essencial manter os pés no chão. Planejar sem considerar as restrições — como tempo, recursos, tecnologia e contexto — leva a soluções que parecem promissoras, mas que não se sustentam a longo prazo ou não se encaixam na estratégia da empresa.
O maior gargalo nos projetos de inovação não está no código — está nas pessoas. O Miro pode ser uma ótima ferramenta para organizar ideias, criar fluxos e visualizar soluções, mas, quando chega o momento de colocar essas ideias em prática, começam a surgir as reuniões intermináveis, a fricção entre áreas e, claro, o receio do novo.
O problema não é a falta de ferramentas ou de boas intenções, mas a desconexão entre a visão de agilidade e a realidade organizacional. A empresa fala em inovação, mas exige garantias antes mesmo de testar a primeira versão de um protótipo. A agilidade desejada é, muitas vezes, limitada pela resistência à mudança.
Ou seja, a resistência se disfarça de “análise de riscos” ou “falta de timing”. Os silos entre TI e as demais áreas de negócios geram entraves invisíveis, travando decisões que, se tomadas de forma colaborativa, poderiam acelerar o progresso.
Sem uma gestão de mudanças eficaz, qualquer tentativa de transformação digital acaba se perdendo na fase inicial, e os projetos de inovação continuam sendo apenas mais uma ideia no Miro.
Juliano André Sulzbach, Key Account Manager da SoftDesign, reforça esse cenário ao destacar que, em empresas menores, “a definição de escopo ainda reina — muitas vezes como pré-requisito de controle”. Ainda assim, segundo ele, há baixa capacidade orçamentária e falta de fôlego para bancar o projeto.
“No mercado internacional, o cenário é parecido: boas ideias existem, mas nem sempre possuem suporte interno para virar algo concreto”.
Um dos maiores desafios em um projeto de inovação é que muitos já começam com excessivas limitações internas. O escopo fechado, muitas vezes visto como uma forma de garantir segurança e controle diante da complexidade, na verdade, acaba sufocando a experimentação e impedindo ajustes essenciais conforme o aprendizado avança.
Sem a flexibilidade necessária para validar hipóteses e medir os retornos reais, o projeto acaba seguindo para uma direção que não resulta no melhor produto, drenando tempo e orçamento.
O problema se agrava ainda mais quando não há critérios objetivos para priorização. Raramente alguém se pergunta: “Esse projeto realmente gera valor?”. Métricas como ROI ou impacto nas OKRs acabam sendo deixadas de lado, enquanto urgências políticas ou pressões de curto prazo dominam a agenda.
Esse cenário resulta em uma governança de TI frágil, onde recursos são alocados em iniciativas sem futuro validado, enquanto ideias com grande potencial acabam estagnadas, sem conseguir avançar além do quadro no Miro.
Segundo Jean Perfeito, Key Account Manager da SoftDesign, vários cenários apontam para um padrão: a incapacidade de tangibilizar o valor do projeto.
“O problema começa com escopos mal definidos e se agrava com estruturas de aprovação engessadas, especialmente em empresas que voltaram ao modelo de escopo fechado”, afirma. E conclui: “o cliente tem uma lista de desejos, não um projeto. A proposta fica vaga, mais cara, difícil de defender internamente e vai para a gaveta”.
A empresa se diz digital, mas, na prática, a execução ainda é analógica. Você quer escalar com DevOps, entregar rápido, iterar constantemente, mas ainda depende de aprovações em cadeia, reuniões intermináveis e planilhas no Excel que nunca são atualizadas. Não há processos claros nem autonomia real para quem está na linha de frente.
Esse cenário reflete o abismo entre a visão da liderança e a realidade operacional. Fala-se em transformação digital, mas a maturidade ainda está longe do ideal. Frameworks ágeis foram adotados, mas em teoria. Na prática, o ciclo de vida do projeto segue o modelo tradicional, travado em etapas sequenciais e com pouca flexibilidade para ajustes conforme as necessidades reais.
Nem todo projeto de inovação falha por falta de valor. Às vezes, ele simplesmente perde seu “patrocinador interno”, ou seja, é engolido por uma nova demanda, fica ofuscado por um hype passageiro ou é congelado em uma mudança de gestão.
Sem um modelo claro de governança de TI e critérios objetivos de priorização, essas decisões acontecem no silêncio, e projetos promissores acabam suspensos sem que ninguém perceba.
Quem é o dono desse projeto? Quem tem poder de decisão? Qual o impacto estratégico? Muitas vezes, a resposta vem com um incômodo “depende”. Projetos sem dono definido, sem autonomia clara e sem alinhamento estratégico simplesmente não avançam.
Para Rubem Muller, Key Account Manager da SoftDesign, muitos desses projetos travam porque os gestores não conseguem defendê-los internamente.
“Mesmo com argumentos prontos e apoio externo, falta segurança para apresentar o projeto como algo estratégico”.
Esse bloqueio, muitas vezes sutil, acaba por reforçar a estagnação decisória dentro das organizações. Por isso, ter um modelo de priorização visível, revisado constantemente e alinhado aos objetivos do negócio é essencial.
Sem isso, a inovação se torna uma fila de iniciativas despriorizadas, aguardando uma oportunidade que nunca chega. E o Miro vai acumulando boas ideias que, com o tempo, ninguém mais tem coragem (ou tempo) de retomar.
A verdadeira inovação não nasce de um grande projeto com início, meio e fim. Ela acontece em ciclos contínuos de aprendizado, entrega e evolução. Abandonar a mentalidade de escopo fechado e adotar um fluxo contínuo de valor é o que diferencia empresas que realmente inovam daquelas que apenas falam sobre inovação.
A jornada da Liberum Ratings é um ótimo exemplo dessa transformação. O ponto de partida foi a criação de um novo sistema Backoffice, que otimizou o tempo de análise de dados em até 75%. Mas a empresa não parou aí.
Identificando novas oportunidades, a Liberum seguiu iterando, incorporando tecnologias como Machine Learning e, mais recentemente, IA generativa. Essa evolução permitiu automatizar a geração de relatórios, prever variações nos ratings dos fundos de investimento e reduzir drasticamente o retrabalho manual.
Nada disso foi entregue em um “grande lançamento”. Foi um processo contínuo, com entregas frequentes, testes, validações e aprendizados. A Liberum Ratings não tratou inovação como um projeto, mas como uma cultura: integração de sistemas, automação de processos e desenvolvimento de software com o objetivo de trazer mais precisão, produtividade e valor estratégico.
Essa é a mudança radical que tantas empresas ainda resistem em fazer — e é exatamente o que pode tirar seus projetos do Miro, de uma vez por todas.
Se você quer ver seus projetos realmente saindo do Miro e entrando em produção, aqui está seu checklist:
Com essas ações, você cria uma base sólida para transformar ideias paradas em projetos que geram impacto real no negócio.
Os projetos estagnados não são um problema de tecnologia, mas de cultura organizacional. Eles travam não porque a solução técnica não seja boa, mas porque a mentalidade de “projeto” ainda predomina.
A verdadeira transformação digital não acontece por meio de grandes entregas pontuais, mas sim por um fluxo contínuo de valor. Quando a execução é constante e ágil, com ciclo de testes, erros e ajustes, a inovação se torna parte do dia a dia da organização.
É aqui que entra a importância de parceiros tecnológicos estratégicos. Com o apoio certo, é possível quebrar silos, otimizar processos e integrar sistemas, criando um ciclo de inovação efetiva.
Preencha o formulário e descubra como construir um pipeline de valor contínuo, com times preparados para entregar mais, melhor e com menos burocracia. Assim, a transformação digital, finalmente, acontecerá.
Por fim, acesse também: