- Inovação
Pensar sobre os desafios da Inteligência Artificial não é, de jeito algum, uma forma de tentar refrear a inovação ou ser conservador com relação a algo novo.
É apenas considerar a responsabilidade sobre o uso e as possibilidades de uma tecnologia poderosa, além de pensar em dificuldades que podem surgir no caminho, junto com suas possíveis soluções.
Por isso, a proposta deste guia é ponderar quais são as questões difíceis e complexas na discussão sobre IA e como é possível pensar em soluções dentro desse prisma.
Falaremos sobre ética, vieses, integração com sistemas legados e outros desafios de ordem ética e técnica. Assim, você poderá sair do lugar-comum sobre o assunto e entender que a tecnologia também envolve alguns percalços.
Quando se fala em Inteligência Artificial, quase sempre o tom é celebratório, empolgado e positivo. Essa perspectiva é importante, porém existem desafios e dificuldades a serem enfrentados para alcançar bons resultados e até para garantir um bom uso dos sistemas.
Então, encarar esses desafios é um importante fator para maximizar os benefícios do uso da tecnologia. É uma postura adequada diante de uma tecnologia cuja popularização ainda é recente e do boom de várias ferramentas surgindo.
Primeiro, falaremos sobre os principais desafios: o tripé ética, vieses e segurança.
Com a explosão da IA e de conceitos relacionados, como Machine Learning, Deep Learning, IA Generativa e outros, cresce também a preocupação com a ética e com os usos indevidos.
Um dos principais pontos é o uso de automação em contextos sensíveis, como escolha de pessoas em um processo seletivo.
A dependência excessiva desses sistemas, especialmente quando não há rotinas de revisão, pode ser um problema, principalmente se os modelos não tiverem sido bem desenvolvidos.
É um dilema, pois a IA pode acabar excluindo pessoas e contribuindo para perpetuação de preconceitos e desigualdades sociais.
Também se fala bastante em roboética, um conceito que já surge nas intersecções acadêmicas da Filosofia e da Computação e busca estudar as implicações morais dos sistemas e de quem é realmente a responsabilidade em casos de problemas com robôs e modelos inteligentes (como situações de crimes e quebra da lei).
Outro ponto são os vieses em algoritmos. Basicamente, eles dizem respeito a irregularidades e desigualdades que os modelos reproduzem com base em dados de treinamento.
Nesse caso, se não houver uma governança e um cuidado focado em corrigir esses vieses, os sistemas poderão ser altamente nocivos para a sociedade quando utilizados.
Afinal, muitos sistemas podem tomar decisões importantes de forma autônoma. Logo, é necessário transparência para auditar como são construídos.
Casos recentes que renderam muitos protestos foram os usos de reconhecimento facial que não conseguem reconhecer pessoas — principalmente mulheres — não brancas.
Como a IA é alimentada por grandes bases de dados, Big Data, outra preocupação é fazer os procedimentos de tratamento e uso de dados sem ferir regulações de segurança e privacidade, como a LGPD no Brasil.
Ou seja, a maneira mais correta de coletar e administrar esses dados é explicitando a finalidade, tendo controle do ciclo de vida dos dados e gerenciando bem a segurança, como através do controle de acesso.
O objetivo é evitar que criminosos e pessoas mal-intencionadas consigam gerenciar os dados (muitas vezes sensíveis).
Outro fator crescente é o uso de IA pelos próprios cibercriminosos.
Nesse caso, o desafio se multiplica, pois é como enfrentar um arsenal inteligente, que faz uso das inovações mais poderosas do momento para automação, clonagem de rostos e vozes, quebra de senhas, etc.
Também é importante pensar em privacidade e controle de acesso em ambientes descentralizados de IA, como Edge Computing.
A implementação da Inteligência Artificial nas organizações traz inúmeras vantagens, mas também é uma jornada repleta de desafios operacionais e estratégicos.
Entre os principais obstáculos, destaca-se a dificuldade em encontrar profissionais qualificados em IA.
A escassez de talentos em IA impede muitas empresas de avançar em suas iniciativas de transformação digital.
Afinal, profissionais capacitados não apenas possuem o conhecimento técnico necessário, mas também entendem como alinhar as soluções de IA com os objetivos de negócio — o que é crucial para o sucesso das implementações.
Não à toa, a procura por profissionais que possuem habilidades comprovadas em IA cresceu 323% nos últimos anos.
A implementação eficaz de soluções de IA exige uma infraestrutura tecnológica avançada. Isso inclui servidores potentes, armazenamento adequado e redes de alta velocidade capazes de lidar com grandes volumes de dados.
Sem uma infraestrutura corretamente configurada, os sistemas de IA podem sofrer de lentidão, falhas e, eventualmente, não atingir o desempenho esperado.
Nesse sentido, integrar novas soluções de IA com sistemas legados é um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas.
Muitos sistemas antigos não foram projetados para suportar a flexibilidade e a escalabilidade necessárias para a IA, o que torna a integração um processo complexo e dispendioso.
As empresas brasileiras, por exemplo, enfrentam dificuldades significativas para alinhar suas tecnologias existentes com as novas ferramentas de IA, conforme apontado pelo estudo DXI 2024: Insights sobre Inovação e Inteligência Artificial Aplicada.
Nesse contexto, a maior dificuldade é que a modernização de sistemas legados não é apenas uma questão de atualização tecnológica, mas envolve garantir que as novas soluções sejam compatíveis e funcionem de maneira integrada com os processos existentes. Soluções possíveis incluem o uso de APIs, middlewares e serviços web.
Os custos associados à implementação de IA podem ser limitadores para muitas organizações. As barreiras financeiras envolvem investimento inicial em hardware e software, além de custos contínuos com profissionais especializados, manutenção e atualização dos sistemas.
Sabe-se, ao analisar o mercado, que a adoção de IA requer um planejamento financeiro detalhado para garantir que os investimentos tragam retorno a longo prazo.
É preciso cuidado e paciência também com relação aos resultados. Muitas empresas hesitam em adotar IA devido à incerteza sobre quando e como os investimentos se traduzirão em benefícios tangíveis.
Além disso, a complexidade de financiar projetos de IA pode ser um entrave, especialmente para pequenas e médias empresas que não possuem grandes reservas financeiras.
A questão é entender que, muitas vezes, o retorno virá a longo prazo, a partir do início da mudança da empresa para uma cultura digitalizada.
Na medida em que os modelos forem implementados, a própria companhia aprenderá sobre como fazê-los e poderá melhorar a aplicação da tecnologia.
Uma solução possível para a necessidade de infraestrutura é o uso de computação em nuvem. Plataformas como Amazon Web Service e Microsoft Azure AI surgiram como uma opção justamente para reduzir gastos com estrutura física para armazenamento e processamento de dados.
O uso segue as regras clássicas de cloud: uso escalável, possibilidade de aproveitar os melhores recursos possíveis de forma elástica, etc.
No Azure, por exemplo, dá para desenvolver modelos de Machine Learning com o mínimo de codificação, além de assistência com integração com Git e monitoramento contínuo do modelo.
Soluções open-source, como o TensorFlow, também se destacam como opção.
Manter sistemas de IA atualizados e eficientes é um desafio contínuo para as organizações. Isso requer treinamento e evolução constante para assegurar a precisão dos sistemas.
Os modelos precisam ser ajustados regularmente para acompanhar as mudanças nos dados, na tecnologia disponível e nos contextos de aplicação.
Isso exige um esforço contínuo de monitoramento, ajuste e recalibração dos modelos, o que pode ser oneroso e demandar recursos especializados.
Além disso, a eficiência dos sistemas de IA depende da qualidade dos dados utilizados. Assim, a manutenção deve incluir a atualização dos modelos e também a garantia de que os dados alimentados nos sistemas sejam precisos, relevantes, representativos e atualizados.
Qualquer falha na qualidade dos dados pode comprometer a eficácia das soluções de IA, o que resulta em decisões equivocadas e perda de confiança nas tecnologias implementadas.
Além dos desafios técnicos e financeiros, as organizações enfrentam obstáculos organizacionais e culturais significativos ao implementar IA.
A resistência à mudança é um dos maiores impedimentos, especialmente em empresas com culturas tradicionais.
Funcionários e gestores podem estar relutantes em adotar novas tecnologias que tendem a alterar suas rotinas de trabalho ou mesmo seus empregos.
Superar essa resistência requer estratégias de gestão de mudança bem elaboradas.
É essencial envolver todas as partes interessadas desde o início do processo, comunicando claramente os benefícios da IA, apontando como ela pode complementar e melhorar o trabalho existente.
Programas de treinamento e desenvolvimento contínuo também são fundamentais para capacitar os funcionários e reduzir o medo do desconhecido.
Além disso, promover uma cultura de inovação e aprendizado contínuo dentro da organização pode facilitar a adoção de IA.
Em complemento, não esqueça de incentivar a experimentação e aceitar falhas como parte do processo de aprendizagem. Assim, é viável criar um ambiente mais receptivo às novas tecnologias.
Garantir que os sistemas de IA funcionem conforme o esperado, sem falhas críticas, é importantíssimo para construir confiança nas soluções implementadas.
A confiabilidade está diretamente ligada à robustez dos modelos de IA e à precisão das previsões ou decisões que eles geram.
Para isso, é necessário realizar testes rigorosos e contínuos, bem como implementar mecanismos de monitoramento que detectem e corrijam falhas em tempo real.
A escalabilidade dos sistemas de IA é outro desafio importante. À medida que uma organização cresce, suas necessidades de processamento e análise de dados também aumentam.
Isso significa que as soluções de IA devem ser capazes de escalar de forma eficiente para lidar com esse aumento de demanda sem comprometer o desempenho.
Para tanto, avalie esses dois fatores-chave:
Nesse sentido, implementar práticas de desenvolvimento ágil e utilizar arquiteturas de software que suportem a escalabilidade, como microsserviços e computação em nuvem, podem ajudar as organizações a se preparar para enfrentar esses desafios.
Além disso, a adoção de padrões abertos e a interoperabilidade entre sistemas facilitam a integração e a expansão das soluções de IA conforme a empresa evolui.
Os desafios para a implementação da Inteligência Artificial nas organizações são múltiplos e complexos, abrangendo desde questões éticas, técnicas e financeiras até aspectos organizacionais e culturais.
Superar esses desafios é de suma importância para aproveitar plenamente os benefícios da IA, melhorando sua eficiência, competitividade e capacidade de inovação.
Adotar uma abordagem planejada, investir em capacitação e modernização tecnológica e promover uma cultura organizacional aberta à inovação são passos fundamentais para o sucesso na implementação de soluções de IA.
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Agora, vamos responder às principais dúvidas sobre o tema.
Os principais desafios incluem vieses, escassez de profissionais qualificados, altos custos de implementação, integração com sistemas legados e custos com manutenção contínua dos sistemas de IA.
Entre os problemas da IA estão a falta de transparência nos processos decisórios, viés nos dados e questões éticas relacionadas à privacidade e segurança.
O principal desafio ético da IA é garantir a imparcialidade e evitar vieses nos algoritmos para obter decisões justas e não discriminatórias.
Os riscos da IA incluem a possibilidade de uso indevido das tecnologias, perda de empregos devido à automação, dependência excessiva de sistemas automatizados, falhas nos sistemas, etc.
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