PT | EN
Publicado dia 23 de novembro de 2023

Impactos da Inteligência Artificial em Produtos Digitais

| Tempo de leitura 9 minutos Tempo de leitura 9 minutos
Impactos da Inteligência Artificial em Produtos Digitais

Sabemos que a IA está revolucionando o mundo, ao mesmo passo que transforma o mercado de trabalho e a forma como pensamos e inovamos negócios. Mas, afinal, o que podemos esperar do futuro? Quais são os impactos da Inteligência Artificial no desenvolvimento de aplicativos, plataformas e sistemas? Para buscar respostas para essas perguntas, participamos da última edição da maior conferência de tecnologia da Europa, a Web Summit 2023. No artigo a seguir, compartilhamos insights de como buscar vantagem competitiva ao criar produtos digitais inovadores e autênticos em um mundo cada vez mais robotizado.

Software e Inteligência Artificial: a Dupla Dinâmica 

Atualmente, a IA Generativa é uma das tecnologias que mais impacta o mercado SaaS. Isso ocorre devido a melhora significativa nas estratégias relacionadas à experiência dos usuários. Com o auxílio dos algoritmos de IA é possível, por exemplo, desenvolver um atendimento mais personalizado, de acordo com comportamentos e preferências. Além disso, os impactos da Inteligência Artificial quando aplicados no aprimoramento da User Experience também resultam na automatização de tarefas repetitivas e na assistência 24h, por meio de chatbots. Isso resulta na criação de produtos digitais mais eficientes e inovadores.

Christine Spang, CTO da Nylas, acredita que há realmente um avanço significativo em termos de UX. Para a especialista, o que fará a diferença nessa corrida é a forma como as empresas utilizam a IA e a conectam a outros sistemas e aplicativos. Ou seja, em como geram valor aos produtos. “Esse é um tópico complexo porque se trata de uma tecnologia probabilística, onde 90% das vezes você obterá uma boa resposta. Entretanto, todos os recursos criados com o uso de modelos de linguagem precisam de um ser humano no circuito, pois mesmo os melhores alucinam a uma taxa de 3%. É por isso que considero a interface de usuário tão importante”.

Ao analisar o mercado de software, identificamos que muitas empresas estão preocupadas em integrar tecnologias de IA às suas soluções digitais. Christine interpreta esse movimento como uma espécie de continuação da história do software, que, segundo ela, sempre tratou de automatizar processos e fluxos de trabalho. “Os computadores lidam melhor com grandes quantidades de dados do que nós, e os modelos de linguagem atuais nos permitem fazer coisas fantásticas. Porém, não é algo que todos devem construir. Essa não deve ser uma interação onde você apenas aperta um botão e um computador cuida de tudo de ponta a ponta”.

Impactos da Inteligência Artificial na Criação de Produtos

Em um mercado tão competitivo, é natural que as empresas se questionem sobre como os produtos podem liderar na Era da IA, e sobre quais são os reais impactos da Inteligência Artificial na criação de aplicativos, plataformas e sistemas. Para Todd Olson, CEO da Pendo, mais do que nunca os times de produto devem liderar as organizações. Afinal, desde o surgimento do ChatGPT, investidores, clientes e líderes começaram a se questionar sobre a sua estratégia de IA e sobre como se transformar em uma dessas empresas de Inteligência Artificial, já que esses negócios são mais valiosos e obtêm mais financiamento.

Segundo um relatório da McKinsey (2023), a IA Generativa irá gerar US$ 4 trilhões à economia mundial. Logo, muitas empresas serão impactadas por essa tecnologia. “O segredo é focar nos fundamentos do gerenciamento de produtos. Se o que você está fazendo é simplesmente incorporar o ChatGPT ao seu aplicativo para criar uma versão de um chatbot, por exemplo, não podemos chamar isso de inovação, certo?”, contrapõe Olson.

O CEO da Pendo compartilhou na Web Summit quatro níveis estratégicos para dar início ao uso de IA em produtos digitais:

  1. Adicione GPT e Copilot ao desenvolvimento de produtos.  
  1. Automatize fluxos de trabalho nos quais seus usuários passam muito tempo realizando tarefas.  
  1. Substitua os workflows utilizados e simplifique tudo ao máximo.  
  1. Faça o trabalho automaticamente e impulsione a User Experience

Além disso, identifique quais são os dados que somente a sua empresa tem e com isso crie produtos de sucesso. “Capturamos dados de usuários e monitoramos atividades constantemente. Esses insights são algo que não pode ser copiado. Logo, se você está em busca de vantagem competitiva, encontre uma maneira de desbloquear os dados do seu negócio. Mas lembre-se: ainda será preciso conversar com usuários para resolver as suas dores”.

Creating Tomorrow Today

A IA é um elemento dentro de um conjunto de ferramentas que utilizamos para tentar influenciar a forma como as coisas acontecem no mundo, mas será que não estamos nos concentrando demais nesse assunto? Na imprensa mundial, muito se fala sobre o quão prejudicial os impactos da Inteligência Artificial podem ser para os empregos e para vida em sociedade. Porém, para os especialistas do setor de tecnologia, a maior ameaça está no uso indevido e não na criação de código ou na substituição de postos de trabalho, por exemplo.

Se os dados são o novo petróleo, a IA é a tecnologia que irá revolucionar a User Experience. Sendo assim, na Era da Inteligência Artificial devemos aspirar por criações únicas, afinal, a criatividade continua sendo o motor da inovação e dos negócios. Entretanto, novas ferramentas, workflows e frameworks como Jobs-to-be-Done podem sim ser grandes aliados para impulsionar e otimizar o processo criativo. 

Por fim, o futuro do software e da humanidade será impactado cada vez mais pela presença de robôs e automatização de processos e atividades. Mas isso não significa que essas máquinas sejam capazes de desenvolver o senso crítico insubstituível dos seres humanos, seja para desenvolver software, criar negócios inovadores ou até mesmo obras-primas no universo das artes.

Regulation X Innovation

Um dos principais debates da conferência foi a regulamentação da IA. De um lado está o Team Permissionless e de outro o Upstream Governance. Resumidamente, o primeiro acredita que não deveria ser necessário pedir permissão a ninguém para fazer experimentos, coletar informações e lançar produtos no mercado. Já o segundo defende que existe um alto risco envolvido e que os impactos da Inteligência Artificial podem ser desastrosos em relação à privacidade e segurança de usuários e empresas.

Segundo Andrew McAfee, Cientista do MIT, estamos democratizando o acesso a tecnologias muito poderosas. “Os dois lados concordam que isso traz benefícios, mas também há uma possibilidade de dano real. Portanto, esse não é um exercício intelectualmente fácil e, em algum nível, essas duas filosofias são incompatíveis. Por isso, temos que escolher um lado. Eu acredito que com mais governança, teremos menos inovação”.

Meredith Whittake, Presidente da Signal, ressalta que o termo IA foi cunhado em 1956, ou seja, não é algo novo. Entretanto, passou por muitas ondas e foi aplicado a um conjunto de tecnologias que têm pouca semelhança com os sistemas centrados em dados e computação que agora estão impulsionando esse renascimento. “A questão é: por que esse termo, que é flexível e indiscutivelmente mais um termo de marketing do que de tecnologia, ressurgiu agora, e por que tem tanto poder sobre o futuro do setor?”.

Para Meredith isso está relacionado ao modelo de negócio da Internet e a sua falta de regulamentação na década de 90. “As empresas que conseguiram capturar esse valor tornaram-se dominantes e possuem recursos massivos, dos quais extraem informações para lançar produtos. Esse é um mercado concentrado e, se estamos preocupados com as assimetrias de poder e com a autoridade que cedemos às big techs, precisamos ser honestos sobre a economia política deste ecossistema”. 

How to Future?

Geralmente, percebemos que uma das dores das empresas é entender como a IA pode ser inserida nas suas soluções. Existe uma aura em torno do assunto como se fosse algo inacessível, muito distante da realidade das empresas, especialmente no Brasil. Mas, a verdade, é que dentro do amplo universo da IA existem sim métodos e tecnologias acessíveis para qualquer organização. 

Um bom exemplo são algoritmos preditivos, que permitem que uma empresa faça análises de dados passados para prever comportamentos futuros. Esse tipo de solução de Inteligência Artificial pode ser aplicado em diversos cenários, por exemplo:

  • Área de Vendas: prever comportamento do cliente, como a chance de compra ou de churn
  • Área Financeira: entre as possibilidades está a predição de comportamento de assets financeiros ou o risco de crédito de um cliente. 
  • Área de RH: predizer a chance de turnover da equipe. 

Para a Head de Inovação e Produto da SoftDesign, Karina Hartmann, ter o suporte de um time de Arquitetos e Engenheiros capazes de ajudar empresas a estruturar suas bases de dados é fundamental. Dessa forma, pode-se tornar esse tipo de solução viável, escolhendo as tecnologias adequadas e aplicando algoritmos preditivos que realmente gerem resultados. “Em projetos anteriores da SoftDesign, trabalhamos lado a lado com as pessoas de negócio dos nossos clientes, aproveitando o seu conhecimento especializado e a inteligência de dados para encontrar o potencial existente para criar novas soluções”. 

Além de discussões éticas, a decisão de adotar Inteligência Artificial como parte de seu produto digital envolve custos elevados, gestão de uma quantidade significativa de dados e mudanças profundas nas organizações. Logo, convém compreender as vantagens reais da IA no ciclo de desenvolvimento do seu software antes de partir para uma fase de avaliação de investimentos. E, sem dúvida, é preciso estar próximo dos usuários da solução, para que elaborem melhores perguntas às funcionalidades de IA, resultando em experiências produtivas e transformadoras. 

Foto do autor

Pâmela Seyffert

Marketing & Communication na SoftDesign, Jornalista (UCPEL) com especialização em Gestão Empresarial (UNISINOS) e mestrado em Comunicação Estratégica (UNL). Especialista em comunicação e criação de conteúdo.

Quer saber mais sobre
Design, Estratégia e Tecnologia?