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Requisitos de software funcionais e não funcionais: o que são?

Por 17/06/2021 08/07/2024 12 minutos

O desenvolvimento de software é uma peça importante na estratégia de diversos negócios. Assim, um dos maiores desafios enfrentados por Desenvolvedores, Product Owners e Product Managers é a definição dos requisitos de software: entender o que é essencial, quais funcionalidades devem ser priorizadas e como garantir a satisfação do usuário final.

Ao longo desse conteúdo, abordaremos detalhes sobre esses requisitos, dos conceitos mais básicos até as diferentes etapas envolvidas no processo de desenvolvimento.

Você verá os tipos de requisitos existentes, as estratégias para identificá-los e documentá-los, além de algumas dicas que vão contribuir para o sucesso do seu produto digital. Vamos lá?

O que são requisitos de software?


Requisitos de software são especificações que definem as funcionalidades e restrições de um software. Eles são utilizados para guiar o processo de desenvolvimento, garantindo que o resultado atenda às necessidades levantadas durante a etapa de concepção do produto e aos objetivos do negócio.

Além disso, servem como base para todas as fases seguintes do desenvolvimento, como o protótipo e o design, a implementação e os testes. 

Quando bem definidos, os requisitos de um sistema facilitam a comunicação entre os stakeholders e isso, por sua vez, permite uma gestão de expectativas mais eficiente.

Tipos de requisitos de software


Existem dois tipos principais de requisitos: funcionais (RF) e não funcionais (RNF).

Esquema com o escopo de requisitos de software funcionais, não funcionais e regras de negócio

A seguir, mostraremos um pouco mais sobre cada um deles. Acompanhe!

Requisitos funcionais


Os requisitos de software funcionais são a base de qualquer projeto de desenvolvimento de software. São especificações detalhadas das funcionalidades que o sistema deve possuir para resolver o problema para o qual ele foi projetado.

Podemos classificar os requisitos de software funcionais de acordo com seu nível. A diferenciação mais comum é:

  • Requisitos de negócio;
  • Requisitos de usuário;  
  • Requisitos técnicos.

A clareza que esses requisitos proporcionam é o que permite uma boa comunicação, um bom planejamento e o desenvolvimento direcionado, e isso resulta em um produto mais adequado ao público e ao contexto.

Por exemplo: um aplicativo de uma instituição financeira, voltado ao cliente, deve ser capaz de realizar transações via PIX, pagar boletos e fazer investimentos. Esses são três requisitos do produto digital que permitem aos usuários a realização de tais funções.

Abaixo, veja alguns exemplos comuns de requisitos funcionais e suas aplicações:

  • Autenticação de usuário: o sistema deve permitir que os usuários se registrem, façam login e logout de forma segura;
  • Gestão de inventário: em um sistema de controle de estoque, por exemplo, deve ser possível adicionar, remover e atualizar facilmente informações sobre os produtos;
  • Processamento de pagamentos: uma loja online deve ser capaz de processar pagamentos de forma prática e segura;
  • Geração de relatórios: um sistema contábil deve gerar relatórios financeiros detalhados, como balanços e demonstrações de resultados.

Requisitos não funcionais


Os requisitos de software não funcionais (RNFs) definem as características, qualidades e restrições que o sistema deve ter. De forma mais objetiva, ele se refere a como o sistema se comportará e exercerá tais funcionalidades, e não exatamente o que ele fará.

E isso é primordial para garantir que o software funcione corretamente, seja eficiente, seguro e fácil de usar.

Não à toa, também são chamados de atributos de qualidade. Isso quer dizer que são uma definição estruturada e categorizada daquilo que é necessário para mostrar que um produto tem qualidade. Assim como os funcionais, eles se subdividem em: 

  • Requisitos de produto: confiabilidade, eficiência, portabilidade, usabilidade, desempenho e espaço; 
  • Requisitos organizacionais: entrega, implementação e padrões;  
  • Requisitos externos: interoperabilidade, éticos, segurança, privacidade e legais.

Podemos exemplificar citando a adequação de produtos digitais à LGPD, que é um requisito não funcional muito comum. Outro exemplo é a afirmação de que um software precisa ser multi-plataforma, operando em Android e iOS. Ou, ainda, quando definimos que uma solução precisa utilizar criptografia, pois manipula dados sensíveis.

Em linhas gerais, podemos dizer que os requisitos não funcionais são atributos que melhoram a qualidade do software e a experiência do usuário. Veja exemplos:

  • Desempenho: define a velocidade de resposta a determinadas ações. Por exemplo, quantas transações por segundo o sistema deve ser capaz de processar;
  • Usabilidade: refere-se à facilidade com que os usuários podem aprender a utilizar o sistema e executar tarefas;
  • Confiabilidade: trata da capacidade do sistema de operar corretamente por um determinado período;
  • Segurança: envolve a proteção contra acesso não autorizado e ataques. O armazenamento de senhas de forma criptografada é um exemplo;
  • Escalabilidade: descreve a capacidade do sistema de crescer e lidar com um aumento na carga de trabalho, ou seja, qual porcentagem a mais de usuários ativos ele suporta sem perder desempenho.

RNFs na prática: nossas dicas


Sob uma perspectiva mais prática, para o time que está construindo o produto, os requisitos não funcionais podem ser restrições, padrões a seguir, ou ainda exigir soluções bem específicas

É natural, por exemplo, que eles precisem ser resolvidos no nível da arquitetura do software e não na programação, porque os RNFs são transversais, ou seja, afetam todas as funcionalidades.

Certa vez, desenvolvemos um produto que possuía um requisito não funcional muito crítico em relação à disponibilidade: a aplicação precisava operar 24×7, durante três meses, pois era uma das aplicações utilizadas na operação de um programa de televisão de reality show. 

Esse tipo de requisito exige uma análise arquitetural: é preciso identificar e remover pontos de falha, criar soluções de fall-back (plano b) e de recuperação automática. O requisito afeta até mesmo o hardware e a infraestrutura, que precisam trabalhar com soluções de alta disponibilidade.

Quais são as 5 etapas da análise de requisitos?


Existem cinco etapas fundamentais da análise de requisitos de software. São elas:

  1. Levantamento;
  2. Documentação;
  3. Validação;
  4. Gerenciamento;
  5. Verificação e aprovação.

Veja cada uma em detalhes:

1. Levantamento de requisitos


O levantamento de requisitos de software é uma etapa que envolve identificar e documentar as necessidades e expectativas dos stakeholders.

É importante que sejam utilizados métodos eficientes durante a coleta desses requisitos, para, então, garantir a confiabilidade e a adequação às demandas do sistema. Alguns desses métodos são:

  • Entrevistas com stakeholders: envolve conversas diretas com pessoas envolvidas no projeto para reunir informações com maior profundidade;
  • Workshops de requisitos: são sessões colaborativas para discutir e definir requisitos do sistema. Pode ser mais rápido do que conduzir entrevistas individuais, e facilita a comunicação entre diferentes grupos envolvidos;
  • Questionários: são bastante utilizados para coleta de informações em grande volume, de forma estruturada e padronizada;
  • Observações empíricas: envolve observar os usuários em seu ambiente de trabalho, ou através de ferramentas como Hotjar, por exemplo, para entender melhor seus processos e identificar necessidades não verbalizadas.
Técnicas para levantamento de requisitos de software como entrevistas, questionários, prototipação, entre outras

A definição dos requisitos é um processo contínuo e colaborativo que envolve diversos stakeholders, incluindo clientes, usuários finais, Team Managers, Desenvolvedores e Analistas de Negócios.

E essa é a brecha para responder a uma pergunta que vemos aparecer cada vez mais:

Quem define os requisitos e quando?


Depende do tipo de processo e ciclo de vida adotado, dois conceitos que também vêm da Engenharia de Software. Mas uma coisa a gente pode afirmar com tranquilidade: hoje, a construção dos requisitos de software é mais colaborativa que antes.

Você já reparou que, apesar de ser um dos conceitos centrais na Engenharia de Software, não é mais tão comum ouvirmos falar de requisitos? Isso acontece porque eles acabaram associados a um modelo de trabalho cascata (Waterfall), burocrático e preditivo.

Em um ciclo de vida mais antigo, era normal que os requisitos fossem definidos todos no início do projeto. Era comum usar termos ‘coletar’ ou ‘elicitar’. Ou seja: a ideia era que um Analista de Sistemas ou de Negócios definiria requisitos dos usuários.

Hoje, partimos de pressupostos um pouco diferentes. Entendemos que, para produtos inovadores, é impossível descobrir todos os requisitos no início do desenvolvimento.

Por esse motivo, a construção dos requisitos precisa ser colaborativa. A configuração varia muito, mas podemos ter: 

  • Product Manager (PM) atuando em nível de negócio, definindo visão de produto, métricas e objetivos;
  • Product Owner (PO), em contato direto com o time, facilitando o processo de transformar os grandes objetivos em histórias de usuário
  • Time de desenvolvimento, que participa desse refinamento, executa testes e análises para identificar feedbacks que contribuem para a melhoria contínua do produto; entre outros envolvidos.

Por fim, é importante lembrar que a coleta das necessidades e expectativas dos stakeholders deve ocorrer desde o início da concepção da solução digital e continuar durante todo o ciclo de desenvolvimento. Assim, é possível fazer ajustes conforme necessário.

2. Documentação de requisitos


Documentar requisitos de software de forma clara e precisa é essencial para garantir o sucesso de qualquer produto. Afinal, a documentação detalhada serve como um guia para todas as etapas do desenvolvimento.

Para isso, algumas ferramentas e técnicas são bem úteis. Aqui estão as mais comuns:

  • Documentação de especificação: são documentos textuais detalhados que descrevem os requisitos funcionais e não funcionais do sistema. Como exemplo, temos o documento de requisitos de software (SRS) e o documento de especificação funcional (FSD);
  • Diagramas: ajudam a visualizar os requisitos e suas interações de forma gráfica, o que facilita o entendimento e a comunicação;
  • Modelos: são representações do sistema que ajudam a descrever e analisar seus aspectos funcionais e não funcionais. Técnicas de modelagem comuns incluem a modelagem de processos de negócio e a modelagem de dados.

3. Validação de requisitos


A validação de requisitos de software envolve a confirmação de que as especificações documentadas estão corretas, completas e compreendidas por todos os envolvidos.

As técnicas que podem ser usadas para essa validação são:

  • Revisões: envolvem a análise dos requisitos por uma equipe de stakeholders e especialistas, por exemplo, os Tech Leads, garantindo que todos os aspectos sejam confirmados e aceitos;
  • Prototipagem: consiste em criar modelos simplificados do sistema, que permitem aos usuários interagir e fornecer feedback antes da construção completa do produto. Figma e Adobe XD são ferramentas bastante usadas para isso;
  • Simulações: utilizam representações virtuais do sistema para prever como ele se comporta em diferentes cenários.

4. Gerenciamento de requisitos


Fazer um bom gerenciamento de requisitos de software inclui o controle das mudanças, onde qualquer alteração é registrada, avaliada e aprovada antes de ser adotada.

Para facilitar esse processo, podem ser utilizadas ferramentas de gerenciamento como Jira, IBM DOORS e Trello. 

5. Verificação e aprovação


A verificação e aprovação de requisitos de software envolvem uma revisão final e a aprovação formal pelos stakeholders.

É uma etapa fundamental, já que garante que todos os requisitos estão corretos, completos e alinhados com as expectativas antes de iniciar o desenvolvimento, evitando retrabalhos, desperdícios e garantindo que o produto digital cumpra seus objetivos.

Conclusão


Ao longo deste texto, vimos a importância dos requisitos de software, passando pelos seus diferentes tipos e as etapas essenciais de análise.

Vimos também como definir e documentar os requisitos, fases que ajudam a garantir que o resultado esteja alinhado com as demandas e expectativas dos usuários, além de manter uma comunicação mais transparente entre todos os envolvidos.

Agora, convidamos você a continuar o aprendizado e conhecer um case de sucesso sobre desenvolvimento ágil e sistema de backoffice da Liberum Ratings!

E lembre-se: sempre que precisar, conte com a ajuda dos nossos especialistas para tirar as dúvidas sobre aplicativos, plataformas e sistemas! 

Perguntas frequentes


Confira, a seguir, as respostas para as perguntas mais comuns sobre requisitos de software.

Quais são os requisitos de um software?

Eles se dividem em dois tipos principais: requisitos funcionais e não funcionais. Os requisitos funcionais dizem respeito às funcionalidades específicas que o software deve realizar.  Os não funcionais são os atributos de qualidade e restrições do sistema.

Quais são as 5 etapas da análise de requisitos?

As cinco etapas da análise de requisitos são: levantamento, documentação, validação, gerenciamento, verificação e aprovação.

Como fazer análise de requisitos de software?

Para fazer uma análise de requisitos de software, converse com os stakeholders para entender o que eles precisam, documente essas necessidades em detalhes, valide-as para garantir que estão corretas, defina prioridades e mantenha essa documentação atualizada. 

Se quiser continuar aprendendo, veja também:

Foto do autor

Micaela L. Rossetti

Estrategista Digital, especialista em Marketing Digital e Branding. É graduada em Jornalismo (UCS), Mestre em Comunicação Social (PUCRS) e tem MBA em Gestão de Projetos (PUCRS). Especialista em Growth Marketing, Search Engine Marketing, Inbound Marketing e Content Marketing.

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