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Plataforma de pagamento online: como desenvolver, tecnologias e desafios

Por 31/03/2025 01/04/2025 14 minutos

As plataformas de pagamento online são componentes essenciais para a operação de inúmeros produtos digitais. Mais do que apenas viabilizar transações financeiras, elas precisam garantir segurança, escalabilidade, conformidade regulatória e uma experiência fluida para diferentes perfis de usuários.

Tudo isso enquanto mantém alta disponibilidade e permite integração com múltiplos sistemas.

Projetar e desenvolver esse tipo de plataforma exige domínio sobre APIs de pagamento, gestão de dados sensíveis, criptografia antifraude e arquitetura orientada à performance. É um desafio técnico e estratégico que vai muito além da camada de front-end.

Neste artigo, exploramos os principais elementos de uma plataforma de pagamento online moderna, discutimos aspectos importantes da modelagem e indicamos boas práticas de desenvolvimento para aqueles que desejam construir soluções de pagamento online escaláveis e seguras.


O que é uma plataforma de pagamento online?

Uma plataforma de pagamento online é um sistema que centraliza, autentica e processa transações financeiras entre clientes e empresas no ambiente digital. Ela funciona como uma camada intermediária entre os pagadores, os emissores de pagamento (bancos e bandeiras de cartão) e os recebedores, garantindo que a comunicação seja segura, eficiente e esteja em conformidade com padrões regulatórios.

Na prática, isso significa que a plataforma orquestra toda a jornada do pagamento, desde a captura das informações sensíveis até a autorização, liquidação e repasse dos valores. Para isso, integra múltiplos meios de pagamento, como cartões de crédito e débito, PIX, carteiras digitais e boletos.

Essas plataformas se tornaram muito relevantes nos últimos anos. Uma pesquisa da Deloitte detalha que as transações via celular aumentaram 251% no Brasil de 2019 a 2023

Com o crescimento do e-commerce, marketplaces e modelos SaaS, plataformas de pagamento online passaram a ser parte essencial da arquitetura de soluções digitais modernas.

Como funcionam as plataformas de pagamento online?

As plataformas de pagamento online operam como intermediárias entre os usuários, as instituições financeiras e os sistemas de cobrança das empresas. Sua principal função é garantir que a transação seja autorizada, processada e conciliada com segurança e eficiência — no menor tempo possível.

O funcionamento pode ser estruturado em três modelos principais. Confira detalhes de cada um a seguir.

Gateway de pagamento

O gateway funciona como um canal de transmissão de dados entre a interface do usuário (checkout), o sistema do comerciante e as adquirentes (como Cielo ou Rede). Ele é responsável por validar as credenciais do pagamento, criptografar os dados sensíveis e encaminhar a transação para análise e autorização por parte dos emissores de cartão ou instituições bancárias.

É uma solução voltada para empresas que já possuem back-office financeiro estruturado e precisam apenas da comunicação entre sistemas.

Provedor de Serviços de Pagamento (PSP)

Mais completo que o gateway, o PSP agrega múltiplos serviços em uma única solução. Além de processar pagamentos, ele também realiza a liquidação dos valores, oferece ferramentas de antifraude, conciliação financeira, relatórios e suporte regulatório.

É a melhor opção para empresas que buscam rapidez na implementação e visibilidade sobre todo o ciclo financeiro, do checkout até o repasse.

Integrações via API

As APIs permitem conectar o sistema da empresa diretamente aos serviços do PSP ou gateway, criando fluxos personalizados de pagamento. Essa abordagem é indicada para negócios que precisam de maior flexibilidade, como fintechs, marketplaces ou plataformas SaaS.

Com as APIs, é possível automatizar a cobrança, personalizar fluxos de split de pagamento, configurar regras dinâmicas e escalar a operação de forma estruturada.

Independentemente do modelo, o funcionamento ideal de uma plataforma depende de uma arquitetura segura, escalável e bem integrada — e é nesse ponto que a engenharia de software faz toda a diferença.

Principais tecnologias envolvidas nas plataformas de pagamentos online

Pagamento móvel, Pagamentos P2P (peer-to-peer), e-Wallet e Near Field Communication (NFC) estão entre as principais tecnologias em plataformas de pagamento online. Vamos entender melhor cada uma delas. 

Pagamento móvel

Atualmente, o pagamento móvel (mobile payment) é um dos pilares das experiências omnichannel. Com o avanço da conectividade e da usabilidade dos apps financeiros, smartphones funcionam como hubs de pagamento, integrando banco digital, QR Code, biometria e autenticação multifator, por exemplo.

Essa modalidade exige atenção à responsividade da interface, latência mínima nas autorizações e compatibilidade com diferentes sistemas operacionaisrequisitos que impactam diretamente o desenvolvimento do produto.

Pagamentos P2P (peer-to-peer)

Os pagamentos P2P estabelecem transações diretas entre usuários, sem intermediários financeiros tradicionais. Essa arquitetura exige uma camada bastante estruturada de autenticação, controle antifraude e gerenciamento de identidades.

Do ponto de vista de desenvolvimento, o desafio está em garantir performance em ambientes com alto volume de microtransações, além da conformidade com as regulamentações locais, como o Open Finance no Brasil.

e-Wallet (carteira eletrônica)

As carteiras digitais centralizam métodos de pagamento em um ambiente virtual seguro e são projetadas para facilitar o checkout e a gestão financeira do usuário.

Elas integram dados sensíveis, como cartões de crédito, histórico de transações e preferências, exigindo criptografia ponta a ponta, autenticação forte e UX impecável. Além disso, precisam dialogar bem com APIs externas (gateways, PSPs, bancos) para funcionar em tempo real.

Em projetos complexos, é comum a adoção de arquitetura modular, com back-end desacoplado para garantir flexibilidade e escalabilidade.

Near Field Communication (NFC)

A tecnologia NFC viabiliza pagamentos por aproximação sem a necessidade de contato físico, por meio de comunicação por radiofrequência de curto alcance.

Embora pareça simples do ponto de vista do usuário, ela requer sincronização entre hardware, firmware e software, além de protocolos de segurança que evitem interceptações e clonagem.

A adoção de NFC é altamente estratégica para soluções que visam ambientes com alto volume de transações rápidas, como transporte público, varejo e eventos presenciais.

Como criar uma plataforma de pagamento online?

A criação de uma plataforma de pagamento online exige uma análise minuciosa dos objetivos da empresa e das necessidades dos usuários. Cada escolha, desde a seleção do tipo até a definição de práticas de segurança, impacta diretamente na performance e na confiança dos clientes. 

A seguir, detalhamos os passos técnicos e estratégicos para o desenvolvimento de uma plataforma de pagamento online:

  1. Escolha entre gateway de pagamento ou PSP

    A decisão inicial envolve optar por um gateway de pagamento ou por um PSP. Essa escolha depende do volume de transações e do nível de controle desejado sobre cada operação.

  2. Implementação da integração de API de pagamento

    É importante pensar na integração de APIs, sobretudo com foco em escalabilidade.

  3. Adoção de práticas de segurança

    A adoção de práticas robustas de segurança não é opcional, pois esse tipo de plataforma requer, necessariamente, proteção de dados sensíveis e prevenção a fraudes. Entre as principais práticas, destacam-se a tokenização, a autenticação de dois fatores (2FA) e a conformidade com o padrão PCI DSS.

  4. Garantia de experiência do usuário fluida e segura

    Uma interface intuitiva, processos simplificados e respostas rápidas às interações criam um ambiente digital que traz mais confiabilidade. 

Por que criar uma plataforma de pagamento online personalizada?

Desenvolver uma plataforma de pagamento personalizada vai além da conveniência: frequentemente, trata-se de uma decisão estratégica. Empresas que entendem profundamente seu modelo de negócio, jornada do usuário e objetivos de longo prazo têm muito a ganhar ao criar uma solução sob medida.

Vejamos o porquê disso. 

Benefícios para empresas e fintechs

Personalizar uma plataforma de pagamentos é como construir uma infraestrutura proprietária — moldada de acordo com regras de negócio, integrações específicas e visão de produto. Essa autonomia oferece vantagens significativas, como:

  • Controle sobre taxas e fluxo financeiro: permite estruturar modelos de precificação próprios, aplicar regras dinâmicas e adaptar-se a diferentes mercados ou perfis de cliente;
  • Flexibilidade regulatória: é possível ajustar a plataforma para atender às exigências locais e internacionais, garantindo compliance sem abrir mão da escalabilidade;
  • Diferenciação no mercado: a customização permite entregar experiências mais coesas, reduzir fricções e criar diferenciais funcionais e visuais relevantes.

Para fintechs e empresas em crescimento, isso significa menos dependência de terceiros, mais controle de margem e a oportunidade de capturar valor em toda a cadeia da transação.

Personalização e escalabilidade

Uma plataforma personalizada é desenhada desde o início com base em uma arquitetura escalável. Isso significa que o sistema pode crescer modularmente, sem afetar a performance ou comprometer a segurança. Ao utilizar microsserviços, contêineres e APIs bem estruturadas, a empresa garante:

  • Crescimento progressivo conforme o aumento das transações;
  • Alta disponibilidade e balanceamento de carga;
  • Atualizações frequentes sem interrupções na operação.

Essa estrutura também facilita testes A/B, validações de novas funcionalidades e pivotagens rápidas, alinhando produto e tecnologia em ciclos curtos.

Eficiência e experiência do usuário aprimorada

A performance da plataforma impacta diretamente a conversão. Transações lentas, falhas em autenticação ou fricções no checkout prejudicam a experiência e aumentam o abandono.

Ao criar uma plataforma do zero, é possível priorizar critérios importantes, como:

  • Fluxos otimizados para o seu modelo de negócio;
  • Integrações seguras e estáveis com sistemas financeiros e antifraude;
  • Interfaces centradas no usuário, com foco em clareza e agilidade.

Essa abordagem resulta em menos suporte técnico, maior satisfação do usuário e ganhos operacionais.

Segurança em plataformas de pagamento online

A segurança nas plataformas online pode ser garantida por meio de diversas estratégias e conceitos, tais como: 

  • Secure Electronic Transaction (SET): implementa mecanismos que asseguram a integridade e a confidencialidade das transações, protegendo dados sensíveis contra interceptações;
  • Autenticação de dois fatores (2FA): adiciona uma camada extra de verificação, a fim de buscar a validação por meio de um segundo dispositivo ou método;
  • Tokenização de dados: substitui informações confidenciais por tokens sem valor externo e, assim, reduz a exposição de dados críticos e minimiza riscos de fraudes;
  • Criptografia ponta a ponta: garante que os dados transmitidos permaneçam protegidos durante toda a comunicação, a fim de manter a confidencialidade e integridade das informações;
  • PCI DSS (Payment Card Industry Data Security Standard): exige o cumprimento de normas rigorosas para armazenamento, processamento e transmissão de dados de cartão.

Compliance regulatório e mitigação de riscos em plataformas de pagamentos

Fraudes, disputas e inconsistências operacionais podem comprometer a viabilidade do negócio se não forem controladas com mecanismos eficazes. Por isso, frameworks de compliance e práticas de prevenção a fraudes precisam ser parte da arquitetura do sistema desde as primeiras etapas de concepção.

Chargeback (estorno): como lidar com disputas e fraudes

O chargeback é a reversão de uma transação — normalmente solicitada pelo titular do cartão — e representa um dos maiores riscos para plataformas de pagamento online. Ele pode ocorrer por fraude, falhas operacionais ou insatisfação do cliente.

Para mitigar esse risco, é fundamental implementar:

  • Mecanismos automatizados de monitoramento de transações;
  • Sistemas antifraude integrados com análise comportamental;
  • Janelas de disputa e conciliação eficientes;
  • Armazenamento seguro de logs de transação para auditoria.

O chargeback deve ser encarado como um ponto crítico da jornada, que exige respostas rápidas e estruturadas para proteger tanto o consumidor quanto a sua empresa.

Know Your Customer (KYC) 

A política de “Conheça Seu Cliente” (KYC) é um dos pilares de segurança nas plataformas de pagamento online. Trata-se de um conjunto de práticas voltadas à verificação e validação da identidade dos usuários, com foco na prevenção à lavagem de dinheiro e em atividades ilícitas.

É importante que o sistema ofereça:

  • Processo de onboarding com verificação documental e biométrica;
  • Análise de risco baseada em dados cadastrais e comportamentais;
  • Atualização periódica das informações dos usuários (KYC contínuo).

A integração com provedores especializados em validação de identidade também é recomendada para aumentar a confiabilidade do processo e reduzir falsos positivos.

Compliance regulatório

Estar em conformidade com a legislação vigente — como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) — e com normas internacionais (como PCI-DSS e ISO 27001) é essencial para garantir a confiança do usuário e evitar penalidades legais.

O compliance regulatório em plataformas de pagamento deve incluir:

  • Governança de dados pessoais;
  • Auditorias recorrentes e rastreabilidade de transações;
  • Documentação e versionamento de políticas de segurança;
  • Políticas de consentimento e retenção de dados.

A escolha da empresa parceira faz toda a diferença

Em resumo, desenvolver uma plataforma de pagamento online vai muito além de integrar gateways ou PSPs: exige visão estratégica, domínio técnico e um parceiro que compreenda os desafios de negócio por trás da tecnologia.

Ao optar por uma solução personalizada, sua empresa ganha autonomia sobre regras, taxas e integrações — e transforma o sistema de pagamentos em um diferencial competitivo real.

Na SoftDesign, unimos expertise em produtos digitais complexos com metodologias ágeis e foco em resultado. Trabalhamos lado a lado com nossos clientes para construir plataformas seguras, escaláveis e orientadas à performance, sempre alinhadas às melhores práticas do mercado e aos objetivos do negócio.

Se a sua empresa está pronta para criar ou modernizar sua própria plataforma de pagamento online, conte com a SoftDesign para transformar essa iniciativa em um produto relevante e pronto para escalar!

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Confira outras perguntas sobre plataformas de pagamentos online

Plataformas de pagamentos online podem gerar diversas outras dúvidas e, por isso, selecionamos as principais com respostas rápidas.

Como criar uma plataforma de pagamento?

Para criar uma plataforma de pagamento, é preciso escolher entre gateway ou PSP, implementar a integração da API de pagamentos, gerenciar a segurança e a experiência do usuário. 

Quais tecnologias são usadas para criar uma plataforma de pagamento online?

Linguagens modernas como Java e Python, frameworks como Node.js e conceitos como APIs REST e criptografia avançada.

Como garantir a segurança em uma plataforma de pagamentos?

Implemente protocolos SSL/TLS, autenticação multifator, criptografia de dados, conformidade com as normas PCI DSS e monitoramento contínuo das transações.

Por fim, veja também:

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Thiago Giuseppe

Thiago Giuseppe é Product Manager, com formação em Engenharia de Produção e especialização em Análise de Dados para Negócios e Product Management. Apaixonado por resolver problemas reais utilizando tecnologia e dados, possui experiência prática no desenvolvimento e gestão de produtos de plataforma, carteiras digitais e soluções para e-commerce. Sua atuação abrange áreas como pagamentos, CRM e vendas, com foco em análise crítica e tomada de decisões estratégicas baseadas em dados.

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