Lean Software Development (LSD) é uma abordagem baseada nos princípios do Lean Manufacturing, originalmente desenvolvidos pela Toyota. Este framework ágil visa maximizar o valor entregue aos clientes enquanto minimiza o desperdício de recursos. Diferente das abordagens tradicionais, o Desenvolvimento Enxuto de Software prioriza a entrega rápida e iterativa de funcionalidades, eliminando atividades que não agregam valor. Além disso, promove a cultura de aprendizado contínuo e a otimização do processo de desenvolvimento.
No contexto do software, desperdício refere-se a qualquer atividade que não contribui para o valor do produto. Já valor é definido como a combinação das demandas do cliente e as necessidades da solução digital, como features e usabilidade. Portanto, criar fluxos de valor envolve a execução apenas dos processos essenciais para alcançar os resultados desejados.
Neste artigo, exploramos os conceitos fundamentais do Lean Development e seus sete princípios, que são essenciais para impulsionar a inovação em aplicativos, plataformas e sistemas.
A abordagem Lean possui uma longa história, profundamente entrelaçada com a Teoria da Administração. Sua origem remonta à década de 1950, na Toyota, onde Taiichi Ohno, então Chefe de Produção, empreendeu esforços na criação de um método alternativo de organização. Em vez de simplesmente replicar o modelo norte-americano, que se mostrava eficaz na produção em larga escala, Ohno estava focado em desenvolver um método capaz de lidar com as complexidades enfrentadas pelo Japão no pós-guerra: escassez de recursos, flutuações nos pedidos e uma grande variedade de itens produzidos.
O sistema ficou conhecido como Toyota Production System (TPS). Quarenta anos depois, com a publicação do livro The Machine That Changed the World (1990) pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), o modelo finalmente ganhou a atenção do mercado. Pesquisas demonstraram que o TPS era muito mais eficiente do que os modelos tradicionais de produção, levando à criação do termo “Lean”, que representa esse novo paradigma.
É interessante observar, no entanto, que os métodos Lean desenvolvidos pela Toyota abrangiam não apenas a produção fabril (o TPS), mas também a gestão da cadeia de suprimentos (Keiretsu) e o desenvolvimento de produtos. Em 2003, Mary e Tom Poppendieck adaptaram esses princípios para o desenvolvimento de software com a publicação do livro Lean Software Development: An Agile Toolkit.
Desde então, o método se popularizou na área de TI e se tornou indispensável para a criação de produtos digitais inovadores. Hoje, o Lean Software Development é amplamente utilizado para aumentar a eficiência, reduzir desperdícios e acelerar a entrega de valor aos clientes no setor de tecnologia.
O livro de Mary e Tom Poppendieck estabeleceu princípios específicos para o Desenvolvimento Enxuto de Software. Embora compartilhe os valores do Lean aplicados na manufatura, na criação de soluções digitais o objetivo não é a produção de um mesmo produto em larga escala, mas sim a criação de software único.
Nesse sentido, no campo da TI, o Lean está relacionado à melhoria contínua e ao aumento da eficiência, aproximando-se dos Métodos Ágeis. Os sete princípios do Lean Software Development são:
Esses princípios ajudam a criar produtos digitais inovadores, eficientes e alinhados às necessidades dos usuários e do mercado. Conheça cada um deles a seguir.
Pode parecer mais fácil identificar desperdícios em produtos materiais do que em software, mas o conceito é o mesmo: analisar todo o processo de criação, desde o pedido do cliente até a entrega do produto digital, e eliminar todas as atividades que não agregam valor ao projeto.
Por exemplo, funcionalidades que não serão efetivamente usadas são um tipo de desperdício. Elas são, muitas vezes, desenvolvidas a pedido do cliente na tentativa de agradar os usuários, mas acabam não trazendo benefícios reais. Logo, é crucial passar por uma boa fase de concepção para orientar o desenvolvimento e evitar essas situações.
Além disso, no contexto do Lean Software Development, estoques são vistos como desperdício, pois geram trabalho adicional. Isso pode se traduzir em código não integrado, requisitos acumulados ou testes pendentes. Cada um desses elementos, quando não gerenciados adequadamente, pode atrasar a entrega e aumentar o esforço necessário para finalizar o produto.
Eliminar o desperdício é, portanto, um princípio fundamental para garantir a eficiência no desenvolvimento de software, contribuindo para a entrega de valor real ao cliente e ao usuário final.
No Lean Software Development, garantir a qualidade é essencial. Por isso, QAs desempenham um papel crucial não apenas na detecção de erros, mas colaborando com os desenvolvedores para assegurar que a qualidade seja incorporada desde o começo.
Uma maneira eficaz de aplicar esse princípio é testar cada implementação à medida que é desenvolvida, em vez de esperar até que toda a funcionalidade esteja completa. Esse enfoque baseia-se no controle contínuo do processo para evitar possíveis erros.
Um conceito central do Lean é o “stop the line” — se alguém encontra um problema durante o processo, deve interromper o fluxo de trabalho para resolvê-lo imediatamente, impedindo que a situação se agrave. Isso não só transforma a abordagem de qualidade, mas também promove uma mudança cultural, onde todos são responsáveis pelo produto.
Construir com qualidade, portanto, é uma combinação de técnicas preventivas, colaboração constante e uma cultura organizacional que valoriza a qualidade em todas as etapas do desenvolvimento.
O desenvolvimento de software moderno não se limita mais ao que foi planejado no início do projeto. Amplificar o aprendizado envolve aprender continuamente durante o trabalho, observando o mercado, coletando feedback dos usuários e ajustando as prioridades conforme necessário.
Logo, criar uma cultura de aprendizado contínuo é fundamental. Isso significa aceitar mudanças e gerenciá-las de maneira eficiente, compartilhando conhecimento entre todos os membros do time. As cerimônias ágeis, por exemplo, são valiosas para refletir sobre o que foi feito, identificar melhorias e implementar mudanças rapidamente.
Ao amplificar o aprendizado, os times de desenvolvimento de software se adaptam mais rapidamente às mudanças e entregam produtos que realmente atendam às necessidades dos usuários e do mercado.
No Lean Software Development, adiar comprometimentos significa adiar decisões importantes até que haja informações suficientes para tomá-las com segurança. Isso envolve reduzir incertezas e levantar fatos, em vez de se basear em especulações.
Ao adiar comprometimentos, os times têm a oportunidade de testar, aprender e observar antes de tomar uma decisão. Uma prática que facilita esse processo é a criação de protótipos, que permitem experimentar ideias antes de implementá-las completamente.
Além disso, a criação de MVPs (Minimum Viable Product) nos permite coletar feedbacks e aprender com interações reais, testando o conceito básico de um produto digital com um investimento mínimo.
A entrega rápida é fundamental para responder aos movimentos do mercado, corrigir erros e aprimorar o software com base no feedback dos usuários. No entanto, entregar rápido não deve comprometer a qualidade do produto. Nesse sentido, é crucial encontrar um equilíbrio entre velocidade e qualidade.
No Desenvolvimento Enxuto de Software, as entregas estão relacionadas com a iteração e a abordagem incremental. Dividindo o trabalho em partes menores e entregando em ciclos curtos e frequentes, os times realizam rapidamente as atualizações necessárias.
Em resumo, entregar o mais rápido possível no Lean Software Development não significa apenas acelerar o ritmo de desenvolvimento, mas também garantir que cada entrega seja de alta qualidade e atenda às expectativas dos stakeholders.
Nesse princípio, o respeito é abordado em sua totalidade. É claro que educação é essencial, mas nesse caso a confiança está inclusa. Isso implica reconhecer as habilidades individuais de cada membro da equipe e confiar em seu potencial. Afinal, um ambiente de trabalho baseado no respeito promove uma colaboração mais eficaz e harmoniosa.
Logo, empoderar vai além de garantir educação e treinamento. Envolve cultivar um ambiente seguro e colaborativo, onde todas as vozes são valorizadas e consideradas importantes. Isso estimula uma cultura de aprendizado e inovação.
No contexto Lean, a liderança não é restrita a um único indivíduo ou papel na equipe. Todos têm a oportunidade de liderar e influenciar, contribuindo para o sucesso do produto digital com base em suas experiências.
Lembre-se que pessoas empoderadas se sentem valorizadas, o que leva a uma maior motivação, produtividade e engajamento. Esse ambiente resulta em uma equipe capaz de superar desafios e alcançar resultados inovadores e de impacto.
Por fim, otimizar o todo significa focar na solução de forma holística, em vez de se concentrar apenas nas partes individuais. Essa abordagem é fundamentada na Teoria de Sistemas e reflete a ideia de que o todo é maior do que a soma de suas partes.
Na prática, o produto digital não é apenas o resultado dos códigos escritos, dos testes realizados ou dos designs de interface desenvolvidos. Ele engloba desde o primeiro contato com o cliente até as reuniões, processos e aprendizados ao longo da jornada de inovação. Isso significa identificar e eliminar gargalos, reduzir desperdícios e aumentar a eficiência em todo o sistema.
Em conclusão, ao otimizar o todo, os times de desenvolvimento de software garantem que o produto atende às necessidades do cliente, enquanto promove uma cultura de colaboração e melhoria contínua.
Lean e Agile são abordagens complementares para o desenvolvimento de produtos digitais, cada uma com suas próprias características distintas. O Lean, originado na manufatura, busca eliminar desperdícios e maximizar o valor entregue ao cliente, com ênfase na melhoria contínua e na otimização do processo. Por outro lado, o Agile, mais centrado no desenvolvimento de software, prioriza a entrega rápida e iterativa de funcionalidades, adaptando-se às mudanças de requisitos e prioridades do cliente ao longo do tempo.
Apesar das diferenças, Lean e Agile compartilham algumas semelhanças importantes. Ambos valorizam a entrega rápida e iterativa, promovendo a colaboração entre times multidisciplinares e a melhoria contínua dos processos. Além disso, priorizam a entrega de valor real, evitando atividades que geram desperdícios e buscando inovação efetiva.
A adoção do pensamento Enxuto no Desenvolvimento de Software é inegavelmente revolucionária, mas sua implementação não é simples. Requer uma mudança cultural significativa, a internalização dos princípios e a transformação de atitudes arraigadas nas empresas. Muitas vezes, observamos equipes capazes de implementar o Scrum, por exemplo, mas que ainda sentem que algo está faltando: a verdadeira cultura ágil.
O estudo da Metodologia Lean e de seus princípios se destaca como um dos caminhos mais valiosos para absorver essa cultura, pois nos leva além da mera definição de um método de trabalho, permitindo uma análise profunda dos seus princípios. É como se nos capacitasse a compreender verdadeiramente os fundamentos do ágil.
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26 de setembro de 2024
16 de agosto de 2024