- Negócios Digitais
A estratégia de produto é um planejamento que demanda uma compreensão abrangente do funcionamento do negócio. Trata-se de considerar a forma como aplicativos, plataformas e sistemas são concebidos, validados, lançados e sustentados ao longo do tempo. O objetivo é satisfazer as necessidades dos usuários e diferenciar o produto digital da concorrência, mitigando incertezas em um ambiente econômico em constante mudança.
Neste artigo, exploramos esse cenário e compartilhamos os principais insights e aprendizados que adquirimos durante nossa participação no South Summit Brazil 2024, um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo.
Quando pensamos sobre a estratégia de produto de novos negócios e o sucesso de ideias no mercado, é inegável a importância de encontrar o product-market fit. Este deve ser o primeiro grande objetivo de um negócio digital.
Concebido por Marc Andreesen, o product-market fit representa a harmonia entre um produto ou serviço e as necessidades do mercado. Além disso, é crucial para investidores, pois indica uma demanda real de crescimento em empresas iniciantes (early stage). Uri Levine, fundador da Waze e palestrante do South Summit Brazil 2024, destacou em uma de suas falas que esse é o primeiro passo para sair de um deserto e progredir na concepção de uma ideia.
Em resumo, é vital assegurar que o produto esteja alinhado com as demandas dos usuários, além de manter um foco especial na retenção. Afinal, quando se cria valor, os clientes tendem a retornar. Segundo Levine, é muito importante concentrar-se nisso durante a primeira década de um produto, a fim de criar uma solução verdadeiramente valiosa.
Na prática, encontrar o product-market fit pode impulsionar o crescimento do negócio. Para isso, é preciso ter uma estratégia de produto clara, que atue como um guia para lidar com os erros e acertos na busca pelo alinhamento da solução com os problemas identificados no mundo real.
Junto com a validação no mercado, é essencial considerar a escalabilidade. Laura Marchiori, Investment Associate da Indicator Capital, e Leandro Teixeira, Gerente Regional do Fundo Criatec 4, explicam que um negócio escalável é aquele capaz de crescer exponencialmente com menos recursos, alcançar um mercado amplo e possuir potencial para internacionalização, focando no desenvolvimento do produto de forma eficiente.
É importante ponderar questões como a facilidade de replicação, o tempo necessário para aplicação e a complexidade da venda. A escalabilidade desempenha um papel crucial no investimento, já que o retorno de crescimento precisa ser rápido, embora seja relevante considerar as especificidades de cada setor e área de atuação.
Ao analisar empresas em estágio inicial, fica claro que uma estratégia de produto e de go-to-market importa mais que o tamanho do mercado. Lançar o produto antes de estar totalmente pronto permite validar e avançar mais rapidamente. Ou seja, trata-se de encontrar o mercado para o problema, compreender os usuários reais e onde eles se encaixam na jornada do produto.
Inicialmente, é preciso realizar ações que não são facilmente replicáveis para, mais tarde, permitir a escalabilidade. Ao adotar abordagens como a Lean Startup para obter uma compreensão mais profunda do mercado, as empresas têm mais chances de alcançar um crescimento sustentável e construir uma base sólida de clientes para o futuro.
A frase “a incerteza é a mola propulsora da criatividade”, atribuída ao Dr. Karl Albrecht e mencionada durante o evento, nos convidou a refletir sobre a jornada inerente a um produto ou serviço. Isso destaca a importância de nutrir uma paixão pelo problema em questão, em vez de se apegar precipitadamente a solução. Essa ideia ressoa com as palavras de Uri Levine, autor do livro “Apaixone-se pelo problema, e não pela solução”, que enfatiza como todas as grandes empreitadas começam com um profundo envolvimento emocional, seja por amor ou por desagrado.
Esse engajamento emocional serve como ponto de partida para a trajetória de um produto ou serviço: ao identificar um problema compartilhado por muitas pessoas, o primeiro passo é estabelecer uma conexão autêntica com elas antes de buscar uma solução.
Ao abordar o desenvolvimento e crescimento de startups, é crucial considerar que muitas delas falham por esse motivo. Além dos critérios fundamentais para atrair investidores – como foco na sustentabilidade a longo prazo, execução eficiente e escalabilidade – é essencial demonstrar uma metodologia sólida para compreender o mercado e gerenciar sinais de alerta, por meio de análises e estratégias de produto para mitigar riscos.
Nesse contexto, é essencial adotar uma abordagem de teste rápido de diversas trajetórias para o produto, visando acertos e repetindo o ciclo. Essa estratégia está alinhada com o uso de Lean Thinking e Product Discovery para negócios, que destacam a experimentação constante e a busca por melhoria contínua, tornando a empresa mais adaptável às mudanças. Além disso, é fundamental compreender que esse processo não é linear, ou seja, algumas ideias podem falhar inicialmente.
Contudo, ter suporte e ferramentas para iterar no processo e realizar novas tentativas até evoluir, é crucial para o sucesso a longo prazo. Para cada etapa do negócio, há uma série de ferramentas disponíveis. Na SoftDesign, focamos na concepção para transformar ideias em produtos digitais viávies. Trabalhamos em colaboração para criar a primeira versão e detalhar um plano de execução de curto prazo, seguindo os princípios do Lean como base, buscando incentivar desde o início a cultura da experimentação.
Quando discutimos as tendências em produtos, serviços e negócios, é inevitável destacar a importância da Inteligência Artificial (IA). As novas tecnologias de IA estão se tornando cada vez mais presentes em nossas vidas e no mercado, como evidenciado pelo impacto de IAs generativas, como o ChatGPT. Com acesso a uma quantidade significativa de dados, a IA demonstra em grande escala seu potencial para abordar questões importantes, como segurança de dados e apoio na construção de ativos, impulsionando e ampliando transformações. Assim, a Inteligência Artificial potencializa outras áreas e possibilita situações que anteriormente eram consideradas inimagináveis.
Diante disso, é fundamental considerar a Inteligência Artificial como uma ferramenta, não apenas como uma solução por si só. Isso requer uma visão ampliada do produto, indo além da tecnologia, para compreender como ela pode ser aplicada na solução para tornar-se escalável. Destaca-se, nesse contexto, seu potencial para criação e colaboração, ou seja, integrando-se ao trabalho para aumentar a produtividade e gerar oportunidades de melhoria em processos. Pense: o que a IA possibilita fazer que outros sistemas simplesmente não teriam chance?
Durante o evento, também foi ressaltada a necessidade de uma maior capacitação em IA para profissionais na América Latina. A simples utilização da Inteligência Artificial não é eficaz sem um entendimento profundo da tecnologia e de como torná-la escalável. É crucial ampliar a visão do produto para além dos problemas que a IA pode resolver.
Isso inclui entender o tempo necessário para coletar e aplicar os dados de forma significativa, bem como considerar a dinâmica de acesso aos dados relevantes. Como foi mencionado na palestra “Investing in AI: is the hype for real?”: saber utilizar a IA é essencial, mas é igualmente importante saber como aplicá-la em cada solução.
Na SoftDesign, fornecemos serviços de Concepção e Experimentação de Produtos, nos quais validamos soluções digitais ou ideias junto ao mercado por meio de um processo ágil e eficiente. Utilizamos diversas ferramentas para abordar questões fundamentais no desenvolvimento de novas soluções digitais.
Realizamos pesquisas para coletar dados que nos guiam na escolha do melhor caminho para descobrir e validar as premissas da solução. Priorizamos a compreensão da perspectiva do usuário para conceber e testar soluções antes de certificar sua viabilidade, o que maximiza o aprendizado, reduz o risco e otimiza o planejamento do investimento.
Quando falamos sobre concepção e experimentação, é comum relacionar esses conceitos ao universo das startups. No entanto, esse método de trabalho também tem um grande potencial quando aplicado em grandes corporações. Ao considerarmos a estratégia de produto, é essencial reconhecer que as empresas de grande porte, embora já tenham validado seus mercados e soluções, precisam permanecer alinhadas às constantes mudanças da economia. Lidar com incertezas se torna, portanto, um diferencial inovador em qualquer cenário.
O South Summit reforça essa visão ao apresentar painéis com grandes empresas, como a RD Saúde, que adotam a mentalidade de experimentação e estratégia de produto voltada para a inovação. Elas buscam expandir sua atuação no mercado por meio da construção de seus próprios ecossistemas. Esse tipo de iniciativa exige inovação, estratégia e visão de futuro.
O South Summit foi fundado em 2012 por Maria Benjumea, empreendedora espanhola e fundadora da Spain Startup. Desde então, cresceu consideravelmente em tamanho e influência, estendendo-se a vários países e oferecendo palestras, painéis de discussão, workshops e competições de pitch para promover o desenvolvimento do ecossistema empreendedor.
No Brazil, o South Summit emergiu como um ponto de encontro crucial para investidores, empresas e startups de diversos países. Nossa participação no evento, realizado em Porto Alegre, gerou discussões significativas sobre estratégia de produto, abrindo novas possibilidades. Já estamos ansiosas para a próxima edição. Até lá!