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Web Summit 2022: Data Science, MKT e Low-Code

Por 10/11/2022 01/10/2024 13 minutos

Metaverso, NFTs, Web3, Marketing, Redes Sociais e Descentralização de Dados estiveram entre os temas mais debatidos na Web Summit 2022. Mais de mil speakers abordaram esses e outros assuntos nos 17 palcos da maior conferência de tecnologia da Europa, que ocorreu em Lisboa entre os dias 1 e 4 de novembro.

Em meio a um cenário repleto de incertezas e riscos, o evento reuniu mais de 71 mil pessoas (42% mulheres) para dialogar sobre o papel da tecnologia no futuro da sociedade. Em tempos de pandemia, guerras e crises políticas, econômicas e ambientais ao redor do mundo, especialistas e líderes globais compartilharam tendências e apontaram caminhos para 2023.

Opening Night

Durante a cerimônia de abertura, Paddy Cosgrave, CEO e Founder da Web Summit, destacou em seu discurso que a edição deste ano foi a maior de todos os tempos. Além disso, ressaltou o aumento expressivo no número de startups brasileiras e ucranianas na conferência.

Entre os speakers da cerimônia de abertura estavam o Ministro da Economia de Portugal, António Costa Silva, o Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, a VP of Environmental Initiatives da Apple, Lisa Jackson e o Co-founder & CEO da Binance, Changpeng Zhao. Mesmo com tantas presenças ilustres do mundo dos negócios e da gestão pública, o grande destaque da noite foi a participação surpresa de Olena Zelenska, primeira-dama da Ucrânia.

Em sua fala, Olena compartilhou relatos da Guerra que o país vive, iniciada em fevereiro deste ano, e fez um apelo ao público presente para que a tecnologia não seja usada à serviço do terrorismo. “Suas inovações movem o mundo e, mais do que isso, vocês têm o poder de determinar a direção em que esse mundo se move” afirmou, no palco central da Altice Arena.

Olena Zelenska. Foto: Piaras Ó Mídheach.

Dados ao Acesso de Todos

No primeiro dia de palestras da Web Summit, François-Xavier Pierrel destacou no painel D is for Data que é hora de descentralizar e democratizar os dados. Entretanto, o Group Chief Data Officer da JCDecaux, explicou que isso não significa que teremos respostas para todas as perguntas. “Nos últimos dois anos, não conseguimos prever o que iria acontecer e isso teve um impacto gigante em nossas vidas. A questão é: como iremos reagir a esses cenários imprevisíveis?”.

Para Pierrel, a resposta é por meio da divisão de dados. “O que nós construímos por meio da análise de dados é a capacidade de responder a qualquer cenário o mais rápido possível, para ter certeza que podemos superar qualquer crise e manter os negócios funcionando. O imprevisível pode ser extremamente negativo, mas também surpreendentemente positivo. Isso irá depender da nossa capacidade de encontrar respostas e oportunidades”.

Coletar, ativar, estruturar, transformar, alavancar e explorar são etapas-chave em uma estratégia data-driven. Após alcançar esse ciclo, a JCDecaux estabeleceu um novo objetivo: implementar a D Strategy – Decentralize, Democratize, Demultiply. Essa estratégia possui três objetivos principais: 1) expandir a comunidade de dados dentro da organização; 2) ampliar o acesso aos dados para o maior número possível de pessoas e 3) potencializar a capacidade de impulsionar a inovação.

De acordo com Pierrel, os dados são uma alavanca fantástica para alcançar qualquer objetivo de negócio. “Não estou sugerindo que as pessoas transformem-se em Data Analysts, mas considero importante que todos os níveis da organização percebam o valor dos dados. Isso pode ser colocado em prática por meio do click, learn, export, and get back to work. Não é preciso mergulhar a fundo em dados, pois o que realmente queremos é que eles apoiem a tomada de decisão das pessoas em suas áreas de expertise”, finalizou. 

Transforme Incertezas em Oportunidades

O mercado de Fintechs — considerado um fenômeno global — tornou-se um ambiente saturado e de alta competitividade. Com uma recessão econômica a caminho, o palco MoneyConf reuniu um público expressivo na edição 2022 da Web Summit. Para debater sobre o futuro do setor, especialistas compartilharam análises e previsões no painel Fintech 2023: what next?

Segundo Tegan Kline, Co-founder da Edge & Node, as Fintechs experimentaram um grande boom devido à incapacidade dos grandes bancos de tirarem vantagem da tecnologia. “Os bancos tradicionais não servem à usuários individuais, pois estão concentrados em volumes de clientes e contas corporativas. É por isso que plataformas como PayPal, que basicamente não cobram taxas em transações, são bem-sucedidas”.

Tegan ressaltou que é difícil prever como o mercado irá reagir, mas garante que existem muitas oportunidades na crise. “Negócios estão emergindo e existem áreas que ainda não estamos prestando muita atenção: NFTs e Criptomoedas, por exemplo, ramo onde muitas pessoas investem milhões de dólares”.

Tegan Kline. Foto: Harry Murphy. 

De acordo com Carolyn Rodz, Founder da Hello Alice, todos nós queremos liberdade de escolha, além de saber como os bancos operam e compartilham nossas informações. “Agora, o mercado está péssimo e seremos provavelmente impactados de um jeito ou de outro. Representamos uma fatia muito pequena do mercado financeiro (2%), mas existem oportunidades surgindo e precisamos estar atentos enquanto a economia se recompõe”.

Carolyn destacou que o mercado irá reagir e que a chave para isso é entender como Fintechs podem trabalhar em conjunto com bancos e governos, pois estes possuem muito poder e influência. Tegan concorda que é preciso descentralizar os sistemas. “Eu acredito no potencial do metaverso e do blockchain. O que a Google faz pela descentralização da web, o The Graph faz pela Web3. Redes descentralizadas garantem dados abertos, sempre disponíveis e de fácil acesso”.

Brasil Brasileiro

Mesmo com a previsão de um cenário econômico desafiante para o próximo ano, o Brasil esteve representado no evento em estandes de destaque, e por milhares de empresários e centenas de startups. No painel Brazil in focus: why is the startup ecosystem booming? Felipe Matos, Presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) disse acreditar que existem muitas razões para o ecossistema brasileiro estar crescendo tanto.

Para Matos, a pandemia impulsionou esse crescimento. “Tivemos um aumento na demanda digital em um momento que o cenário macroeconômico do nosso país estava favorável. Com isso, conseguimos atrair muitos investimentos durante os últimos dois anos. Em 2021, o Brasil captou 9,8 bilhões de dólares em investimentos de Venture Capital e agora já temos 16 unicórnios, sendo que em 2018 esse número era basicamente zero”.   

Mariana Vasconcelos é Founder & CEO da Agrosmart, e quando começou a empreender praticamente não existia um ecossistema. “Eu venho do campo e no Brasil existe muita concentração empresarial em São Paulo, o que dificulta o acesso a órgãos como a Abstartups, por exemplo. Por isso, passamos por um passo a passo diferente com início na universidade local, que nos conectou com uma aceleradora, que então nos apresentou a investidores. Quando começamos, havia pouco capital disponível, investidores-anjo e o marco legal das startups ainda não estavam regulados”.

O Brasil representa um mercado gigante. Somos 214 milhões de pessoas e existem muitos desafios burocráticos e fiscais. Segundo Mariana, no futuro nosso país será uma potência no fornecimento de serviços ecossistêmicos. “O Brasil é um grande produtor e exportador agrícola. Acredito que temos a oportunidade de aumentar nosso valor de mercado por meio da intersecção da agricultura com a tecnologia. Isso irá nos permitir criar modelos de negócio para financiar uma transição que resultará na exportação de mais serviços ambientais”. 

Mariana Vasconcelos, Jean Sigrist, Felipe Matos, e Juliana Causin. Foto: Lukas Schulze.

O Futuro do Marketing

No segundo dia de palestras da Web Summit, um dos principais painéis em destaque foi Marketing in 2023, com Sir Martin Sorrell, Founder da S4 Capital e Julia Goldin, Global Chief Product & Marketing Officer da Lego. Os especialistas falaram sobre tendências para o futuro e debateram sobre a recessão econômica e a crise política.

De acordo com Sorrell, 2023 será um ano muito difícil. “Os próximos dez anos serão muito diferentes da realidade atual, devido às novas tecnologias e à fragmentação do mundo. Acredito que os mercados da América do Norte e do Sul estarão mais relevantes. Temos mais do que nunca que ser estratégicos ao fazer apostas em como investir e onde expandir geograficamente”.    

Julia ressaltou que para o Grupo Lego a diversificação em múltiplos mercados é importante, principalmente para alcançar o propósito de impactar o maior número possível de crianças ao redor do mundo. “Abrimos uma nova fábrica no Vietnã, com o objetivo de ter mais representação e visibilidade. O mercado asiático com certeza está em expansão”.

Julia também destacou que em tempos de incertezas econômicas é normal que empresas e consumidores ficam receosos. “Pensando nos negócios, isso significa que é preciso prestar ainda mais atenção na experiência que entregamos junto com produtos e serviços. Estamos muito focados em criar os melhores produtos, tendo em consideração pontos importantes como paixão e desejo de compra, entregando uma experiência holística incrível”.

A evolução do ambiente digital e o metaverso também são oportunidades para expandir mercados, pois facilitam a segmentação de públicos, o que é excelente para o marketing. “Esses espaços serão habilitados com novas tecnologias que serão mais imersivas e avançadas. Isso criará oportunidades para que as pessoas se engajem em diferentes dispositivos e se conectem com milhões de pessoas ao mesmo tempo”, concluiu Julia.

Sir Martin Sorrell, Julia Goldin e Susan Li. Foto: Ben McShane.

O Futuro do Software

Outra palestra que reuniu muitos participantes na Web Summit foi Software may be eating the world, but low-code could eat software. De acordo com John Brisco, Co-founder & CEO da Coherent, empresas de software começaram a romper laços com organizações tradicionais: “O que temos visto nos últimos dez anos é a criação de empresas como Netflix, Airbnb e Uber, que utilizam software para promover uma disrupção em modelos de negócio”, explicou.

Porém, com o passar do tempo e com o surgimento do low-code e no-code, o software também começou a experienciar um processo disruptivo. Para Christine Spang, Co-founder & CTO da Nylas, na última década muitas pessoas passaram a ter interações com software, principalmente ao criarem negócios. Isso resultou em uma alta escassez de profissionais. “Não temos mais pessoas suficientes para criar tanto código. O low-code exige baixo conhecimento em linguagens de programação e, por isso, passou a ser uma solução para quem precisa desenvolver”.

Segundo os especialistas, no futuro todos nós seremos desenvolvedores. “A realidade é que não existem tantos programadores no mundo. Por isso, precisamos de alternativas que possam auxiliar no melhor aproveitamento desses profissionais. O low-code estará presente em 65% das novas aplicações até 2024. Isso irá acontecer porque é mais fácil, simples e eficiente”, ressalta Brisco.  

A programação continua sendo uma das carreiras mais promissoras do mundo moderno. Entretanto, para Brisco, no universo das startups não são apenas programadores que desenvolvem os negócios. “Os profissionais bem-sucedidos do futuro serão aqueles que conseguirem traduzir linguagens de programação tradicionais, ao mesmo tempo em que aprendem novas tecnologias como low-code e no-code, por exemplo. Os times serão cada vez mais colaborativos. Se você transitar entre esses dois mundos, com certeza terá emprego garantido”, concluiu. 

O Futuro das Redes Sociais

Para encerrar, iremos compartilhar insights importantes da palestra Search beyond the search: the biggest opportunity in digital marketing, na qual Neil Patel, Co-founder da NPD (Neil Patel Digital), destacou que os usuários estão mais ativos em redes sociais do que em sites de buscas. “As pesquisas no Google aparecem na 5ª posição da lista que classifica o uso de mídias na internet, onde os vídeos assistidos no TikTok estão em primeiro lugar”.

Patel ressaltou que o marketing está ficando cada vez mais superlotado e caro, e com tanta competição acabam surgindo muitos sites compartilhando a mesma informação. Pensando nisso, como podemos nos tornar relevantes entre aqueles que realmente importam para o nosso negócio?  

A resposta está justamente na busca por informação. “Desde o momento em que nascemos buscamos por conhecimento. E um fato importante é que 15% de todas as buscas no Google nunca foram pesquisadas antes. Isso é importante, pois se você estiver sempre correndo atrás do que os outros estão fazendo, isso se tornará muito competitivo”.

Neil Patel. Foto: Stephen McCarthy.

Neil Patel disse acreditar que os motores de busca nos transformam. “Durante a jornada de descoberta, as pessoas mudam enquanto aprendem. O mesmo acontece com os algoritmos, que se adaptam de acordo com o que o usuário está buscando. Se eles percebem que o segundo resultado foi considerado mais valioso, eles automaticamente começam a mudar o que será mostrado para você e outros milhões de pessoas. Esse é o poder da search engine”.     

Com o passar do tempo, os padrões de comportamento mudam, assim como os algoritmos. Você já se perguntou se os usuários do seu produto buscam informações por meio de voz, texto, em um computador ou com o auxílio da Alexa? Para Patel, conteúdos originais podem ser a chave para se destacar em meio a tantos repetidores. 

Resiliência Para Mover Negócios e Impulsionar a Inovação

De acordo com os speakers que palestraram no evento, os próximos anos serão repletos de desafios, por isso, a resiliência continua na lista de skills comportamentais essenciais para profissionais do setor de tecnologia. Mas nem tudo está em crise, em 2023 a Web Summit terá seu primeiro evento fora da Europa.

O encontro ocorre no Rio de Janeiro entre os dias 1 e 4 de maio, e deve reunir 15 mil pessoas. Em novembro do mesmo ano, a conferência retorna ao palco da Altice Arena, em Lisboa. Já estamos ansiosos para essas próximas edições, e esperamos encontrar novamente nossos parceiros da Anexth, que na edição deste ano integraram o time de startups Beta.

Se você também precisa de apoio para criar soluções digitais transformadoras, entre em contato conosco por meio do formulário abaixo. Quem sabe, no próximo ano, o seu negócio também entra para a lista de startups da maior conferência de tecnologia da Europa.

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Pâmela Seyffert

Content Marketing Analyst na SoftDesign. Jornalista (UCPEL) com MBA em Gestão Empresarial (UNISINOS) e mestrado em Comunicação Estratégica (Universidade Nova de Lisboa). Especialista em comunicação e criação de conteúdo.

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