PT | EN

Tornando o trabalho visível: como estruturamos o papel de QA Engineer e reduzimos riscos com diagnóstico interno na SoftDesign

Por 08/05/2025 08/05/2025 7 minutos

Na SoftDesign, acreditamos que qualidade é muito mais do que testar software: é entender profundamente como o trabalho de qualidade acontece, onde ele impacta, e como pode evoluir com consistência. Por isso, conduzimos uma consultoria interna em Agilidade e Práticas de Desenvolvimento na área de QA Engineering, aplicando uma abordagem de diagnóstico organizacional que hoje faz parte do nosso portfólio de serviços.

O objetivo foi claro: estruturar, evidenciar e melhorar o papel da qualidade, conectando práticas reais a riscos concretos — e propondo melhorias sustentáveis, baseadas em boas práticas de mercado.

O desafio: quando o trabalho técnico é essencial, mas invisível

A SoftDesign já trabalha com o papel de QA Engineer estruturado desde 2009. Desde lá já temos a figura desse profissional como alguém especializado e focado em testes e qualidade.

Porém, nesse período muitas mudanças no papel aconteceram, como a maior especialização em automação de testes, a inserção num contexto de times ágeis e o surgimento de novas ferramentas e práticas. 

Nesse sentido, seguindo uma filosofia de melhoria contínua, de tempos em tempos surge a necessidade de reavaliar a maturidade dos processos para efetuar melhorias.

Percebemos que a área de Quality Assurance operava com alta diversidade de práticas, autonomia entre times e grande volume de entregas. Mas, mesmo com boa performance técnica, surgiam sinais claros de fragilidade: 

  • Dificuldade da gestão em entender o papel do QA Engineer no nível tático; 
  • Sobrecarga percebida e dispersão de responsabilidades; 
  • Falta de evidências padronizadas de qualidade; 
  • Planejamento desalinhado com os ciclos ágeis; 
  • Melhorias realizadas sem método nem rastreabilidade. 

Era o momento de pausar, escutar, entender e agir. 

A escuta ativa: revelando o trabalho real do QA Engineer

O processo começou com entrevistas individuais e análise de entregáveis para identificar as macroatividades que realmente compõem o papel de QA na prática. Dessa escuta, emergiram nove macroatividades, das quais, cinco foram consideradas críticas e selecionadas para diagnóstico aprofundado: 

  1. Construção do plano de testes;
  1. Execução de testes manuais;
  1. Execução de melhorias de processo;
  1. Criação de scripts de automação;
  1. Levantamento e refinamento de requisitos.

Cada atividade foi modelada com base em oito dimensões, permitindo identificar variações, fragilidades e potenciais riscos.

Mapeamento de riscos: como o trabalho contribui (ou não) para a segurança da operação

Cada macroatividade foi avaliada quanto à sua contribuição para os riscos mapeados na área. O cruzamento entre trabalho real e exposição revelou insights poderosos:

Macroatividade Riscos aos quais contribui Papel Impacto 
Construção de plano de teste Planejamento desalinhado, falta de versionamento, ausência de critérios de priorização Causador / Contribuidor Alto / Médio 
Execução de testes manuais Execução sem automação, evidência manual, triagem inconsistente Causador / Contribuidor Alto / Médio 
Execução de melhorias de processo Melhoria não sistematizada, falta de integração com áreas de Produto Causador / Contribuidor Alto / Médio 
Criação de scripts de automação Falta de priorização para automação, controle disperso dos scripts, ausência de evidência automatizada Contribuidor Médio 
Levantamento e refinamento de requisitos Ausência de critérios na priorização, envolvimento inconsistente dos papéis, técnicas informais sem reaproveitamento Contribuidor Médio 

Redução concreta de risco com ações corretivas

Com base nas fragilidades detectadas, cada macroatividade recebeu um plano de melhoria com ações práticas, inspiradas em referências como ISTQB, ITIL, Kanban e Scrum. O resultado foi a projeção realista da redução de risco por ação. A tabela a seguir, demonstra parte deste resultado: 

Risco Probabilidade Antes Probabilidade Após Redução Exemplo de Ação Aplicada 
Planejamento desalinhado com a Sprint Alto Baixo ↓ 66% Adotar Definition of Ready com plano de teste e ter visualização clara no Board 
Execução sem automação Alto Médio ↓ 33% Priorizar testes repetitivos e ter critérios bem definidos para decisão de automação 
Falta de controle de versão no plano ou scripts Médio Baixo ↓ 50% Migrar para campos  nas issues do Jira que são versionadas  
Triagem de bugs sem critérios Médio Baixo ↓ 50% Inserir matriz de impacto × urgência no Jira 
Melhoria contínua informal Alto Baixo ↓ 66% Ritual quinzenal (Retrospectiva) + uso de Kaizen / PDCA 
Alinhamento fraco entre qualidade e produto Médio Baixo ↓ 50% Papéis fixos no refinamento e reuniões interdisciplinares 

Entregas visuais e institucionalizadas

Além do diagnóstico e das propostas de melhoria, a consultoria entregou: 

  • Modelos estruturados das cinco macroatividades com objetivos, insumos, técnicas e resultados;
  • Documentos de variabilidade, mostrando o grau de desalinhamento entre práticas semelhantes;
  • Mapas de risco por atividade, conectando risco → causa → papel → impacto;
  • Planos de melhoria, com ações ancoradas em boas práticas de mercado e impacto projetado;
  • Painel de sustentabilidade, sugerindo indicadores leves como: % de testes com evidência automatizada, % de refinamentos com critério de priorização documentado, e % de melhorias reaproveitadas documentadas.

Visualização do processo

O processo foi conduzido com escuta, método e foco em resultado — sem sobrecarregar o time, e entregando materiais reutilizáveis e aplicáveis ao dia a dia.

Um modelo de diagnóstico pronto para ser replicado

Essa consultoria pode ser aplicada a qualquer área técnica que: 

  • Precisa de mais clareza sobre seus papéis e entregas; 
  • Enfrenta riscos ou gargalos operacionais; 
  • Busca melhorar sem burocracia, com dados reais e estrutura leve. 

Produto, Engenharia, Suporte, Sustentação — o modelo se adapta a cada realidade e entrega resultados concretos.

Na prática, a Consultoria em Agilidade e Práticas de Desenvolvimento da SoftDesign funciona em três etapas: 

  1. Diagnóstico: realizamos um mapeamento completo dos processos e comportamentos da equipe para entender o cenário atual e identificar os principais bloqueios à Agilidade.
  1. Plano de ação: com base no diagnóstico, construímos um plano prático com soluções personalizadas e um roteiro claro para colocar as melhorias em ação.
  1. Ciclo de implementação: selecionamos os Agilistas mais alinhados ao seu contexto e conduzimos mentorias e treinamentos para apoiar seu time na adoção das novas práticas, garantindo evolução contínua.

Quer aplicar esse diagnóstico na sua equipe?

Se seu time técnico entrega, mas não é compreendido, ou se você sente os riscos crescendo sem clareza de onde agir, nossa Consultoria em Agilidade e Práticas de Desenvolvimento pode ser o ponto de virada.

Fale com nosso time por meio do formulário abaixo. Juntos, iremos ajudar a transformar o conhecimento tácito da sua equipe em estrutura, clareza e valor reconhecido.

Conte com nossos especialistas!

Faça um diagnóstico aprofundado e conte com a gente para ajudar a implementar as melhorias que vão te levar para um próximo nível.

Por fim, acesse também:

Foto do autor

Miguel Ecar

Miguel Ecar é Team Manager na SoftDesign, Bacharel e Mestre em Engenharia de Software pela UNIPAMPA. Especialista em melhoria de processos, transformação ágil e governança de TI. Atua na evolução organizacional e gestão de stakeholders, nos últimos anos tem atuado em projetos internacionais, além de ser palestrante e pesquisador na área. Defensor da colaboração como chave para o sucesso sustentável, busca constantemente aprimorar a qualidade e a eficiência no desenvolvimento de software.

Posts relacionados

Receba conteúdos sobre inovação e tecnologia.

Deixe seu email para se inscrever em nossa newsletter.