- Inovação
No primeiro texto desta série, falamos sobre cinco tendências de tecnologia que tiveram um crescimento acelerado devido à pandemia de coronavírus: compras online; pagamentos digitais; trabalho remoto; educação online; e telemedicina. Além dessas, podemos observar outras cinco tendências que estão se tornando efetivas e, ao que tudo indica, vieram para ficar.
Plataformas de streaming, canais de vídeos ou games online não são uma novidade. Porém, o entretenimento online ganhou novas proporções quando eventos e locais que só existiam fisicamente migraram para a rede. Raves online já são uma realidade na China, e no Brasil até casamentos têm acontecido pode meio de plataformas de webmeetings. Os filmes passaram a ser lançados diretamente na internet – uma iniciativa endossada pela Disney Studios; e grandes museus começaram a disponibilizar tours online pelos seus acervos – no Brasil, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) é um dos que pode ser visto sem sair de casa.
Com quarentena, isolamento social e fronteiras fechadas, a cadeia de mantimentos global sofreu grande impacto. A demanda por alimentos e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aumentou drasticamente, ao mesmo tempo em que fábricas foram fechadas e exportações interrompidas. As relações políticas entre países também foram abaladas; e a oscilação das moedas contribuiu para o surgimento de um cenário extremamente instável – no Brasil, estima-se que a perda com exportações terá uma variação de 11 a 20%, o que resultará em um patamar em vendas inferior aos US$200 bilhões em 2020.
Parte do problema tem relação com documentações ainda feitas em papel, pouca visibilidade de dados e falta de diversidade e flexibilidade de fornecedores. Por isso, tecnologias centrais da Indústria 4.0 como Big Data, Internet das Coisas (IoT) e blockchain estão sendo implementadas para criar um sistema baseado em ofertas e demandas, com compartilhamento e transparência de dados.
Para atenuar a falta de EPIs, fundamentais no combate ao coronavírus, instituições públicas e privadas voltaram seus olhares para as impressoras 3D, visto a sua flexibilidade e baixo custo de produção: uma mesma impressora pode construir diferentes produtos rapidamente, com variadas matérias-primas. Nós, da SoftDesign, doamos filamentos para confecção de cinquenta face shields que foram entregues à profissionais da saúde da cidade de Porto Alegre.
Porém, a impressão 3D enfrenta alguns obstáculos para produzir objetos que são patenteados (de propriedade privada); ou aqueles que estão sujeitos à aprovação de órgãos de fiscalização (como máscaras cirúrgicas).
Apesar dos grandes avanços tecnológicos ocorridos nos últimos anos, muitas das atividades básicas continuam dependentes de trabalho humano. A pandemia de coronavírus trouxe essa realidade à tona, e acelerou um processo de robotização em setores como saúde, logística, alimentação e varejo.
Em diversos países, robôs passaram a ser usados para desinfetar áreas públicas; e drones foram vistos com maior frequência – a empresa norteamericana Wing trocou o engarrafamento das ruas pelo céu das cidades para entregar comida e itens de necessidade básica. É provável que nos próximos anos diversos empregos sejam substituídos por máquinas, ao mesmo tempo em que novas oportunidades de trabalho serão criadas.
A maioria das tendências de tecnologia citadas nestes dois textos depende de uma qualificada conexão de internet. Em alguns países, como China e Estados Unidos, o 5G já tem mostrado suas vantagens, como a velocidade 20 vezes mais rápida do que a anterior 4G, a possibilidade da existência de carros autônomos, e o uso de drones para delivery (como citado no item anterior).
Entretanto, um grupo composto por cientistas de todo o mundo tem mostrado grande preocupação com a tecnologia, visto que a mesma pode causar diversos danos à saúde pois irá expor as pessoas a campos de radiofrequência eletromagnética. Por essa razão, o 5G ainda não foi efetivado em países europeus.
Já no Brasil, a implementação ainda deve demorar, pois esbarra em questões políticas e econômicas. De qualquer forma, mesmo após a sua instalação, o grande desafio será garantir que toda a população tenha igual acesso à tecnologia para que o 5G não se torne mais um a contribuir para o crescimento da desigualdade social.
Fonte principal: World Economic Forum