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Síndrome do Impostor no SoftDrops

Por 22/05/2020 08/11/2024 6 minutos

Durante o período de isolamento social, ainda em formato de trabalho remoto, a psicóloga e coordenadora do nosso RCH Emilia Adachi compartilhou com os colaboradores, no SoftDrops*, informações sobre a Síndrome do Impostor e como ela pode afetar nosso trabalho. Conforme artigo publicado pela International Journal of Behavioral Science, em 2011, estima-se que até 70% das pessoas já passaram por alguma experiência que envolveu essa Síndrome. Para esclarecê-la, portanto, Emilia iniciou sua fala resgatando o significado dos termos:

  • Síndrome: conjunto de sinais e sintomas que caracterizam determinada condição ou situação;
  • Impostor: aquele que se aproveita da credulidade e da ignorância de outrem para ludibriá-lo; mentiroso, hipócrita.

De acordo com a psicóloga, o Fenômeno do Impostor – como ficou previamente conhecido – é uma desordem que, em certo grau, pode indicar traços de depressão ou ansiedade. O termo surgiu na década de 1970, a partir de estudos realizados pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imese. A Síndrome pode gerar pensamentos negativos como ‘não sou bom o suficiente’, ou até mesmo ‘será que eles irão descobrir que não sou tão inteligente assim?’. Outra definição, da psicóloga britânica Rachel Buchan, é de que essa seria uma crença interior de que você não é bom o suficiente, ou um sentimento de não pertencimento.

De maneira geral, tais pensamentos podem ocorrer por situações no ambiente de trabalho ou em outros contextos como, por exemplo, no convívio social. A Síndrome do Impostor pode se manifestar por diversas razões, entre elas: a classe social a que a pessoa pertence, a maneira como ela foi criada, ou por situações que a pessoa esteja vivenciando em um determinado momento.

O ciclo da Síndrome

Emilia explicou que, quando somos acometidos em algum grau pela Síndrome, passamos por um ciclo interno, que é a maneira como lidamos com o nosso sentimento. Esse  funciona da seguinte forma: recebo um projeto ou uma tarefa para executar > fico ansioso e me preocupo com o  trabalho > sigo um dos dois caminhos: ou me preparo em excesso ou procrastino a execução >  entrego o projeto > recebo feedback positivo.

A partir disso, quem procrastinou sente que o resultado foi pela sorte que teve, já quem se preparou acredita que o esforço excessivo é o motivo de conclusão da tarefa e de receber o feedback positivo. Com esse retorno, pode-se construir uma tendência de ignorar ou afastar o feedback, confirmando o sentimento de farsa  que ocasiona dúvidas internas, ansiedade e até depressão. A imagem abaixo, ilustra cada momento do Ciclo.

sindrome-do-impostor

Compreendendo alguns traços da Síndrome do Impostor

Além de estudar a Síndrome do Impostor, a psicóloga Pauline Rose Clance criou um teste que ajuda a compreender a sua percepção e como você se compara com outras pessoas. É importante ressaltar que o resultado do teste não é um diagnóstico determinante. Ele serve apenas como um direcionamento do que você sente em certas situações, podendo auxiliar no autoconhecimento.

Cuidar da saúde mental é essencial, principalmente neste período de isolamento social que estamos atravessando. Por isso, caso você tenha vivenciado situações que lhe causem desconforto ou estranheza, procure aconselhamento psicológico. Como falamos anteriormente, nenhum teste é determinante, por isso o acompanhamento é fundamental.

Estratégias comportamentais para ocasiões de insegurança

Se em algum momento você teve a sensação de que não se sente capaz de cumprir desafios com qualidade ou está inseguro para desempenhar alguma tarefa, Emilia citou algumas estratégias comportamentais que podem lhe ajudar a enfrentar certas situações.

  • Encare as falhas como experimentos – todos falham em alguma situação, se nos faltou algo para obter o sucesso, podemos aprender e tentar novamente.
  • Essa sensação de insegurança é temporária – é natural não se sentir seguro em situações que nos colocam à prova, esse sentimento é passageiro.
  • Acredite na sua habilidade para aprender – o aprendizado é uma constante, você sempre pode se aperfeiçoar e aprender coisas novas.
  • Relembre os feedbacks positivos – aproveite o retorno positivo e o transforme em motivação.
  • Não faça generalizações – se falhou em uma tarefa, não significa que irá falhar sempre. Cada um é bom em algum tema específico.
  • Construa a autoconsciência – é importante se conhecer e saber como iremos nos comportar nessas situações. Observe-se sempre e procure maneiras de se acalmar e encarar as situações com clareza. Além disso, o autoconhecimento é importante para saber o que gostamos e onde podemos nos desenvolver.
  • Construa uma rede de apoio – tenha pessoas com quem você possa conversar abertamente sobre os seus sentimentos e o que está passando.

Estratégias cognitivas

Durante a sua apresentação, Emilia afirmou que cada pessoa precisa se conhecer e entender como irá se comportar diante de situações de vulnerabilidade. Não se deve focar no que o outro está pensando ou criar generalizações de que não será possível alcançar os objetivos.

Do contrário, você pode sentir medo e ansiedade. O medo é uma resposta natural, automática, fisiológica e primitiva para sobrevivência. Já a ansiedade é mais complexa, é uma resposta cognitiva, afetiva e comportamental. É necessário identificar internamente o que está causando esses sentimentos e criar estratégias para diminuir essas sensações.

Uma forma de entender o seu comportamento, crenças, rituais e valores diante dessas situações é analisar o seu convívio social com a família, escola e amigos, suas origens ou até mesmo sua árvore genealógica. As pessoas fazem parte de diversos ‘subsistemas’, por exemplo, sua casa seria um e o seu trabalho seria outro. Ter essa visão sistêmica auxilia na compreensão do que você pensa e sente.

Ao concluir sua apresentação, a psicóloga ainda citou uma frase de Brené Brow, que resume a necessidade de seguir em constante aprendizado e autoconhecimento:

“Quando passamos a vida esperando até que fiquemos perfeitos ou à prova de balas, antes de entrarmos na arena, acabamos sacrificando relacionamentos e oportunidades que podem não ser recuperáveis. Desperdiçamos nosso tempo precioso e damos as costas aos nossos dons, essas contribuições únicas que somente nós podemos usar. Ser perfeito e à prova de balas parece sedutor, mas isso não existe na experiência humana.”

*O SoftDrops é um evento de troca de conhecimento que acontece todas as quartas-feiras, na sede da SoftDesign. A cada semana, um colaborador se predispõe a expor para os colegas algum tema de seu interesse, que tenha relação com os três pilares do nosso negócio: design, agilidade e tecnologia. A minipalestra dura em torno de trinta minutos e é seguida por um bate-papo entre os participantes.

Foto do autor

Cecilia Ribeiro

Product Manager, formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Com sólida experiência na Gestão de Marketing de Produto e Estratégia.

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