- Desenvolvimento de Pessoas
Durante o período de isolamento social, ainda em formato de trabalho remoto, a psicóloga e coordenadora do nosso RCH Emilia Adachi compartilhou com os colaboradores, no SoftDrops*, informações sobre a Síndrome do Impostor e como ela pode afetar nosso trabalho. Conforme artigo publicado pela International Journal of Behavioral Science, em 2011, estima-se que até 70% das pessoas já passaram por alguma experiência que envolveu essa Síndrome. Para esclarecê-la, portanto, Emilia iniciou sua fala resgatando o significado dos termos:
De acordo com a psicóloga, o Fenômeno do Impostor – como ficou previamente conhecido – é uma desordem que, em certo grau, pode indicar traços de depressão ou ansiedade. O termo surgiu na década de 1970, a partir de estudos realizados pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imese. A Síndrome pode gerar pensamentos negativos como ‘não sou bom o suficiente’, ou até mesmo ‘será que eles irão descobrir que não sou tão inteligente assim?’. Outra definição, da psicóloga britânica Rachel Buchan, é de que essa seria uma crença interior de que você não é bom o suficiente, ou um sentimento de não pertencimento.
De maneira geral, tais pensamentos podem ocorrer por situações no ambiente de trabalho ou em outros contextos como, por exemplo, no convívio social. A Síndrome do Impostor pode se manifestar por diversas razões, entre elas: a classe social a que a pessoa pertence, a maneira como ela foi criada, ou por situações que a pessoa esteja vivenciando em um determinado momento.
Emilia explicou que, quando somos acometidos em algum grau pela Síndrome, passamos por um ciclo interno, que é a maneira como lidamos com o nosso sentimento. Esse funciona da seguinte forma: recebo um projeto ou uma tarefa para executar > fico ansioso e me preocupo com o trabalho > sigo um dos dois caminhos: ou me preparo em excesso ou procrastino a execução > entrego o projeto > recebo feedback positivo.
A partir disso, quem procrastinou sente que o resultado foi pela sorte que teve, já quem se preparou acredita que o esforço excessivo é o motivo de conclusão da tarefa e de receber o feedback positivo. Com esse retorno, pode-se construir uma tendência de ignorar ou afastar o feedback, confirmando o sentimento de farsa que ocasiona dúvidas internas, ansiedade e até depressão. A imagem abaixo, ilustra cada momento do Ciclo.
Além de estudar a Síndrome do Impostor, a psicóloga Pauline Rose Clance criou um teste que ajuda a compreender a sua percepção e como você se compara com outras pessoas. É importante ressaltar que o resultado do teste não é um diagnóstico determinante. Ele serve apenas como um direcionamento do que você sente em certas situações, podendo auxiliar no autoconhecimento.
Cuidar da saúde mental é essencial, principalmente neste período de isolamento social que estamos atravessando. Por isso, caso você tenha vivenciado situações que lhe causem desconforto ou estranheza, procure aconselhamento psicológico. Como falamos anteriormente, nenhum teste é determinante, por isso o acompanhamento é fundamental.
Se em algum momento você teve a sensação de que não se sente capaz de cumprir desafios com qualidade ou está inseguro para desempenhar alguma tarefa, Emilia citou algumas estratégias comportamentais que podem lhe ajudar a enfrentar certas situações.
Durante a sua apresentação, Emilia afirmou que cada pessoa precisa se conhecer e entender como irá se comportar diante de situações de vulnerabilidade. Não se deve focar no que o outro está pensando ou criar generalizações de que não será possível alcançar os objetivos.
Do contrário, você pode sentir medo e ansiedade. O medo é uma resposta natural, automática, fisiológica e primitiva para sobrevivência. Já a ansiedade é mais complexa, é uma resposta cognitiva, afetiva e comportamental. É necessário identificar internamente o que está causando esses sentimentos e criar estratégias para diminuir essas sensações.
Uma forma de entender o seu comportamento, crenças, rituais e valores diante dessas situações é analisar o seu convívio social com a família, escola e amigos, suas origens ou até mesmo sua árvore genealógica. As pessoas fazem parte de diversos ‘subsistemas’, por exemplo, sua casa seria um e o seu trabalho seria outro. Ter essa visão sistêmica auxilia na compreensão do que você pensa e sente.
Ao concluir sua apresentação, a psicóloga ainda citou uma frase de Brené Brow, que resume a necessidade de seguir em constante aprendizado e autoconhecimento:
“Quando passamos a vida esperando até que fiquemos perfeitos ou à prova de balas, antes de entrarmos na arena, acabamos sacrificando relacionamentos e oportunidades que podem não ser recuperáveis. Desperdiçamos nosso tempo precioso e damos as costas aos nossos dons, essas contribuições únicas que somente nós podemos usar. Ser perfeito e à prova de balas parece sedutor, mas isso não existe na experiência humana.”
*O SoftDrops é um evento de troca de conhecimento que acontece todas as quartas-feiras, na sede da SoftDesign. A cada semana, um colaborador se predispõe a expor para os colegas algum tema de seu interesse, que tenha relação com os três pilares do nosso negócio: design, agilidade e tecnologia. A minipalestra dura em torno de trinta minutos e é seguida por um bate-papo entre os participantes.