A retrospectiva é a última cerimônia realizada em uma sprint no Scrum. O seu objetivo é avaliar o processo do trabalho que foi entregue, observando atentamente todos os passos, buscando soluções para os pontos que necessitam de melhoria, além de formas de evoluir o fluxo do time e suas entregas, adaptando o que pode estar impedindo o desempenho da agilidade. Quando falamos em Metodologia Ágil, justamente um dos princípios mais importantes é a implementação de processos para melhoria contínua na produtividade da equipe. Com isso em mente, esse incremento deve ocorrer sprint após sprint, buscando promover a constante eficiência e a entrega de valor. Quem trabalha com o Scrum, framework em que as pessoas atuam de maneira integrada, sabe que a retrospectiva tem um papel fundamental durante o desenvolvimento do produto ou projeto. Por esse motivo, acredito ser importante detalhar esse rito, como veremos a seguir.
Momento para ouvir, ser ouvido e planejar
A retrospectiva acontece após a cerimônia chamada Review – reunião para mostrar as entregas aos clientes e a equipe. A sua duração, conforme sugestão do
Scrum Guide (2017), pode variar de acordo com o
time box (definição do período de duração) da
sprint, podendo levar entre 1h30min a 4 horas. Devido à alta demanda do dia a dia, a retrospectiva nos permite fazer uma pausa e, nesse espaço de segurança e conforto para pensar e comunicar nossas impressões, realizar uma troca muito rica sobre nossas frustrações e desejos no contexto das entregas que cada um realiza. Esse é o momento para o time atuar como dono das decisões e das ações. Todos pensam em conjunto na
sprint que passou. Nesse sentido, a função do Scrum Master é facilitar a discussão e os alinhamentos, empoderando o time e evitando que os mesmos erros se repitam. Um fator de atenção é a dificuldade que as pessoas podem ter em refletir sobre o que estão vivenciando durante o desenvolvimento de um produto ou projeto. Nesse momento é fundamental que o Scrum Master facilite o processo e auxilie a todos na identificação e compreensão dos acertos e dos pontos de melhoria. É o tempo para planejarmos ações de continuidade ou aprender formas de evoluir os processos ou até mesmo as atividades.
O papel do Scrum Master nessa cerimônia
A retrospectiva ágil funciona muito bem como atividade de formação de equipes. Em alguns momentos, as relações podem ficar fragilizadas, seja pelas demandas e prazos, ou até mesmo devido ao relacionamento interpessoal. Os profissionais podem ter dificuldade de perceber isso na rotina de trabalho. Nesse sentido, esse rito se torna o espaço ideal para realizar atividades de
team build e promover a harmonia entre todos. É importante salientar que, independentemente de ser um facilitador na retrospectiva ou um membro participante, você deve promover um ambiente favorável à discussão franca e verdadeira, no qual haja confiança, vulnerabilidade e empatia. Todos os presentes devem estar abertos para expressar suas opiniões, dúvidas e dores para a ciência e consenso de todos, na medida do possível. O Scrum já traz em sua teoria conceitos como transparência e valores como coragem e respeito. Esses são pilares importantes para realizar retrospectivas que efetivamente provoquem mudanças e resultados, não sendo apenas um momento de cumprir uma cerimônia.
Dicas importantes sobre esse rito
– Saber quando e como aplicar determinada técnica ou fluxo. Este aprendizado só vem com a experiência. Teste, itere e pratique a facilitação, pois não existe método eficiente sem uma boa facilitação; – Marque com antecedência a retrospectiva para que todos tenham um tempo para reflexão – algumas pessoas gostam deste exercício; – Antes de marcar a data, verifique se é véspera de feriado ou final de semana. Nesses dias, geralmente as pessoas não estão tão focadas ou – dependendo do contexto – pode comprometer o momento de descanso do time; – Quebre o gelo definindo um cenário para que o time se sinta confortável. Uma boa dica é fazer uma pergunta simples como, por exemplo, “Que tipo de emoção você sentiu na última Sprint?”. Pode ser felicidade, frustração, tristeza, orgulho etc. Peça para que escrevam esse sentimento em um
post-it; – Preste atenção nos sinais do corpo: muitas vezes as pessoas estão falando algo com convicção, mas seus corpos transmitem informações contrárias. Em tempos de vídeo chamadas, faça sempre questão de que as câmeras estejam abertas para que todos possam se olhar; – Revise os pontos de ação que foram definidos na
sprint Além de motivar o time na buscar pela melhoria contínua, isso reforça ainda mais o propósito e importância da cerimônia; – Sempre existe um foco a ser tratado em cada retrospectiva e devemos estar atentos as necessidades do time. Para isso, faça uso das diversas técnicas disponíveis e que podem ser aplicadas online ou ao vivo. – Garanta que o Product Owner esteja presente, pois ele também contribuiu e recebeu os resultados da iteração. Ele pode contribuir muito com sua visão, além de aproximá-lo ainda mais do time, quebrando possíveis barreiras de relacionamento. Isso também vale para o Designer, Analista de Qualidade ou qualquer outro envolvido ativamente na construção e entrega da
sprint; – É essencial ter em mente que esse não é um momento de apontar dedos e buscar culpados. O foco é a melhoria dos processos, olhando fracassos e vitórias como time. Lembre-se que, se uma
sprint não foi aceita, ela passou por todos os membros da equipe, que tiveram a chance de encontrar o erro e ajudar a resolver. Esse é o espírito que devemos entrar na reunião. Tendo isso em vista, concluímos que uma retrospectiva auxilia o time a parar, pensar e inspecionar os entregáveis, garantindo a diminuição do risco de repetir erros e permitindo que todos se sintam donos do produto ou o projeto. Ao se apropriar do que foi realizado, os profissionais podem definir ações de melhoria, resultando naturalmente em uma entrega coerente e alinhada com as necessidades do cliente. Quer saber mais sobre Scrum ou agilidade? Manda sua sugestão ou vem conversar conosco!