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O Analista de Testes no contexto ágil

Por 25/06/2020 12/11/2024 6 minutos

Durante o período de isolamento social, o SoftDrops* online é o principal espaço para os colaboradores compartilharem conhecimento e experiências profissionais. Tendo isso em vista, Denise Viegas aproveitou o momento para dividir com os colegas sua percepção sobre a função do Analista de Testes no contexto ágil.

No início de sua apresentação, Denise relembrou como os processos de testes eram realizados no modelo tradicional. Nesse contexto, eles eram feitos ao final do ciclo de desenvolvimento, e restava pouco tempo para correções e outros ajustes –  o fluxo de trabalho se tornava extenso e oneroso. Os casos de testes eram escritos para cada campo e, para cada funcionalidade, dois relatórios eram gerados: um de conformidade e outro que constava o que não estava adequado.

Experiência com a metodologia tradicional

Em seguida, a Analista de Testes contou como foi a sua experiência no formato tradicional. Trabalhando em uma equipe de manutenção e testando bugs, Denise participou de um projeto que desenvolveu um módulo a ser integrado em um sistema, que controlava o estoque e a disponibilização de produtos para venda. O desenvolvimento durou três meses, mas a equipe de qualidade teve apenas alguns dias para fazer os testes, no final do prazo de entrega, antes de ser homologado. Nessa etapa, os testadores verificaram que o sistema não atenderia a necessidade do cliente e o time percebeu que as expectativas de cada integrante eram diferentes. Cada um desenvolveu o projeto com a sua visão, sem um olhar coletivo.

Já no modelo ágil, a etapa de testes passou a fazer mais sentido. Um processo dinâmico foi criado, onde trocas constantes são realizadas entre o time e discutidas com o cliente, possibilitando alinhar e compreender as funcionalidades e até mesmo obter feedbacks sobre a qualidade do sistema após cada interação.

Do tradicional ao ágil

Dado esse novo cenário, Denise avaliou que a função do Analista de Testes se tornou ainda mais importante. Ela também comentou quais foram as principais mudanças: o pensamento sobre o projeto ficou mais amplo e completo; a equipe participa de todas as etapas desde a concepção, compreendendo todo o negócio; e o desenvolvimento passou a ser orientado para testes de aceite, realizando primeiro as validações e, posteriormente, os fluxos. Com isso, os bugs passaram a ser identificados e reportados mais cedo, deixando a correção mais rápida e eficaz.

Melhorias promovidas pela agilidade

Os longos casos de testes foram substituídos por BDDs – Behavior Driven Development. Eles são criados antecipadamente, permitindo identificar os cenários que serão compartilhados com a equipe, possibilitando que todos possam avaliar, testar e discutir soluções, sendo orientados ao comportamento.

Com a chegada da automação de testes, como foi comentado anteriormente, os feedbacks ficaram mais rápidos, o tempo poupado dos testes de regressão – agora automatizados, com o acompanhamento dos logs  – permitiu que o Analista de Testes passasse a pensar em mais cenários a serem testados, além de desenvolver outras tarefas. Os relatórios ganharam um processo mais dinâmico, com reports de bugs e validações simplificados.

A relação do Analista de Testes com o time

Com as mudanças na função, Denise salientou que a interação com cada pessoa da equipe também mudou e isso foi extremamente positivo para alcançar resultados ainda melhores no projeto.

– Product Owner: QA review para as histórias de usuário, além de maior interação do dia a dia, que possibilitou a contribuição para ajustes e melhorias a serem realizadas.

– Designer UX: maior troca sobre usabilidade em determinados contextos e mais interações durante o fluxo de teste. Além de verificar o design system e discutir com o UX detalhes do layout.

– Desenvolvedores: essa relação é essencial para alinhar cenários, auxiliar o desenvolvedor a compreender o sistema como um todo e ajudar o Analista de Testes a compreender as limitações técnicas, podendo assim negociar os ajustes necessários, discutir funcionalidades e problemas na busca de soluções.

Desafio do modelo ágil

Além de mudanças, a agilidade também trouxe desafios. A Analista de Testes falou sobre a complexidade da automação de testes de User Interface (UI) e serviços. Essa etapa trouxe a necessidade de compreender mais de programação. Nesse sentido, é fundamental participar de fóruns de discussão e trocar conhecimento nas comunidades de prática.

Denise afirmou que toda mudança é um processo, por isso é importante interagir com pessoas com objetivos similares aos seus e conhecer diferentes frameworks. Ainda assim, é preciso estabelecer um foco, traçando uma meta a partir do contexto que o Analista de Testes está inserido. Isso permite, por exemplo, que você aprenda sobre a ferramenta que é necessária para o momento.

Além disso, existem ainda outros pontos a serem desenvolvidos pelo testador para que essa transformação ocorra. Para garantir a qualidade, é importante compreender quanto tempo a equipe leva para entregar as atividades a partir de métricas, aprender sobre ferramentas de gerenciamento de configuração, participar ativamente de todas as etapas do projeto e entender a escolha de cada ferramenta utilizada.

Benefícios da mudança

Ao concluir a sua apresentação, a Analista de Testes falou sobre os pontos positivos que o contexto ágil trouxe, como fazer parte da construção de um sistema e interagir em todas as etapas com a equipe, ganhando experiência que irá auxiliar no trabalho que o testador irá realizar.  Em resumo, esse novo formato contribui para a prevenção de erros, para o desenvolvimento de habilidades técnicas e para garantir uma entrega com maior qualidade.

*O SoftDrops é um evento de troca de conhecimento que acontece todas as quartas-feiras, na sede da SoftDesign. A cada semana, um colaborador se predispõe a expor para os colegas algum tema de seu interesse, que tenha relação com os três pilares do nosso negócio: design, agilidade e tecnologia. A minipalestra dura em torno de trinta minutos e é seguida por um bate-papo entre os participantes.

Foto do autor

Cecilia Ribeiro

Product Manager, formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Com sólida experiência na Gestão de Marketing de Produto e Estratégia.

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