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Publicado dia 29 de junho de 2021

O que é um bom Design? Difícil de definir, fácil de sentir

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O que é um bom Design? Difícil de definir, fácil de sentir

Definir o que é um bom Design não é uma tarefa fácil. Determinar especificamente o que é Design para os demais membros de um time de produto ou para qualquer pessoa que vivencie outras experiências profissionais, já é, em si, um desafio recorrente para os atuantes dessa área de estudo. 

Deste modo, antes de abordar os princípios de um bom Design, é importante citar a contribuição da obra do designer e teórico alemão Gui Bonsiepe (2011, p. 21)*. Ele define o Design sob uma perspectiva humanista, compreendendo-o como “o exercício das capacidades projetuais para interpretar as necessidades de grupos sociais e elaborar propostas viáveis, emancipatórias, em forma de artefatos instrumentais e artefatos semióticos”.

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Gui Bonsiepe. Fonte: https://estacaoq.com.br/2019/2019/01/24/astronauta/

Os Dez Princípios do Design

Nessa perspectiva, compreende-se o Design como um recurso orientado ao processo de identificação e solução de demandas, bem como para potencial de desenvolvimento individual e social.

Com isso em mente, e compreendendo o seu papel como ferramenta projetual que permeia as etapas da concepção à realização final de um produto, entender os princípios de um bom Design é o primeiro passo para desenvolver ideias mais consistentes, viáveis e que têm sentido de existir, que atendem necessidades de pessoas reais.

Dieter Rams, designer alemão conhecido pelas suas contribuições nos produtos da empresa Braun e pela icônica frase de “less, but better”, também foi responsável pela definição dos Dez Princípios do Design. Seu intuito foi de, a partir deles, avaliar qualitativamente qualquer produto de Design, seja esse um produto físico ou de interfaces digitais. 

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Dieter Rams. Fonte: https://designwanted.com/design/dieter-rams/

Segundo Rams, os Dez Princípios do Design são:

1 – Inovador

O primeiro princípio é estabelecido a partir da capacidade de um produto de se manter em constante evolução e andar em paralelo ao desenvolvimento tecnológico. À vista disso, ele é caracterizado como inovador.

2 – Torna um produto útil

O segundo princípio é o quanto este Design torna um produto útil, responsável não apenas por critérios estéticos, mas também funcionais e psicológicos. Aqui a ênfase está na sua utilidade e nos motivos pelo qual esse produto foi projetado.

3 – Estético

Ainda assim, compreende-se que a qualidade estética também é influenciadora na aquisição e utilização de determinado produto. Ao mesmo tempo que garante uma qualidade funcional, o terceiro princípio é identificado como estético.

4 – Auxilia na compreensão do produto

Além disso, um bom Design também deve esclarecer a estrutura do produto de forma objetiva e impulsionar a intuição do usuário. Logo, como quarto princípio, o bom Design também auxilia na compreensão do produto.

5 – Discreto

Já o quinto princípio está relacionado a garantir que o produto seja discreto, na medida em que, apesar da questão estética pontuada anteriormente, produtos não são objetos decorativos e devem atender a um propósito.

6 – Honesto

O sexto princípio tem relação com a sua honestidade, ou seja, não deve manipular o consumidor com o intuito de vender algo que não o é.

7 – Durável

Também, indo contra o sistema e a cultura do descarte vivido atualmente pela sociedade, o sétimo princípio refere-se ao potencial de atemporalidade que determinado produto possui, sendo este durável.

8 – Pensado até o último detalhe

Essa durabilidade também está vinculada com o cuidado e a precisão nos detalhes, não havendo informações desnecessárias e que estejam inseridas por acaso. Assim, o oitavo princípio de um bom Design é ser pensado até o último detalhe.

9 – Sustentável

Sabendo que tais princípios tencionam aplicações para produtos físicos e de interface digital, Dieter Rams também compreende que um bom Design é sustentável e tem importante papel no cuidado para com o meio ambiente, configurando esse como o nono princípio.

10 – Simples

Para o último princípio, temos a definição de simplicidade, entendendo que menos é mais ao concentrar-se apenas no que é essencial. Um bom Design não se sobressai ao propósito de uso, mas contribui para que o propósito seja enfático e proporcione uma experiência singular.

Inclusão e diversidade são essenciais

Além das considerações de Dieter Rams, vale ressaltar que não se faz um bom Design sem inclusão e diversidade. A falta de recursos orientados a esse tema não só afeta negativamente os produtos – que acabam não sendo adequados para a amplitude do público ao qual serão destinados – mas também dentro das próprias instituições. É preciso pensar nessa diversidade de profissionais que trazem perspectivas diferentes para o penso e desenvolvimento tecnológico de novos produtos.

Em breve, publicarei alguns artigos acerca do tema Inclusão e Diversidade em Produtos Digitais. Aguarde!

*Bonsiepe, G. (2011). Design, cultura e sociedade. São Paulo, Brasil: Blucher.

Foto do autor

Mira B. Hennemann

UX/UI Designer da SoftDesign, estudante de Design (Universidade Feevale) com período sanduíche no Instituto Politécnico de Leiria - IPL/Portugal. Participou do projeto de pesquisa SENSeBOOK - Livros Multissensoriais do programa de desenvolvimento acadêmico ABDIAS Nascimento, na Universidade Feevale; pertencente ao grupo de pesquisa em Informática na Educação na linha de pesquisa em Inclusão e Acessibilidade Digital. Foi bolsista CAPES no IPL, onde atuou no Centro de Recursos para Inclusão Digital - CRID. Possui formação técnica em Design pela Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha (2012).

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